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Geraldo Seabra Escreve

Correios deixa nordestino na mão e só alivia quando é e-commerce

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Geraldo Seabra - Foto Flávia Soares

Acostumado a tratar de forma distinta seus clientes das capitais e do interior, onde estes em regra pagam mais caro por um serviço pior, os Correios tem usado e abusado desse tratamento discricionário quando os clientes são de cidades do interior e, de forma ainda mais aguda, quando esse interior remete a municípios da região Nordeste.

Retirada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) do Programa Nacional de Desestatização, onde fora colocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, contanto que a privatização da empresa provocaria a melhoria dos seus serviços, a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) não reagiu ao voto de confiança que lhe foi dado por Lula e continua achando que só vai melhorar quando deixar de ser uma empresa estatal.

E o pior: além de não prestar devidamente os serviços que lhe são confiados, para entrega de cartas e encomendas, os Correios está querendo dar um passo maior do que suas pernas e disputar com o setor privada a entrega de encomendas do e-commerce.

Isso foi o que propôs o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, em recente entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo quando disse que os Correios querem regulamentar as entregas de e-commerce para fortalecer a empresa, ignorando que a estatal não tem conseguido, sequer, entregar cartas e mercadorias que lhe são confiadas.

É o que ocorre, por exemplo, no Cabo de Santo Agostinho, município da Região Metropolitana do Recife, onde embora receba as tarifas para a entrega de cartas e encomendas, os Correios não prestam adequadamente esses serviços. Com uma única agência no centro da cidade, a empresa obriga os destinatários de cartas ou encomendas a se dirigirem até lá se quiserem receber o que lhes é enviado.

E mais: a agência não avisa ao destinatário a chegada da sua correspondência ou encomenda, que é devolvida ao remetente se não for procurada no prazo de cinco dias úteis. O destinatário só consegue receber quando é avisado pelo remetente que o que ele aguarda já se encontra na agência dos Correios.

Dessa forma, embora tenham CEP (Código de endereçamento Portal), milhares de residências de diversos bairros do município não são atendidos com a entrega que deveria ser feita pelo Correios, que cobra do remetente as taxas para a prestação desse serviço. E isso vale para cartas, encomendas e até mesmo Sedex aquele do “mandou, chegou”, menos se o destino for o Cabo de Santo Agostinho ou outro município de estados das regiões Norte ou Nordeste.

Além disso, a seção da agência dos Correios onde são retiradas correspondências e encomendas, tem horário de funcionamento diverso da própria agência, reduzido em duas horas em relação ao expediente normal, como ocorre com a rede bancária. De acordo com funcionários da empresa, faltam funcionários para que as entregas sejam feitas.

De certa forma, a empresa concorda com a afirmação de desses funcionários, lotados na agência do Cabo de Santo Agostinho. Tanto que recentemente abriu concurso nacional para o preenchimento de milhares de cargos vagos, em diversos setores da empresa, a maioria carteiros.

Até que a normalidade do serviço venha a ocorrer, os Correios deveriam oferecer um desconto nas tarifas que cobra dos remetentes para a entrega de suas cartas e encomendas, uma vez que o serviço é prestado pela metade. Fosse uma empresa privada, a ECT estaria sendo cobrada na justiça por cobrar por um serviço que não oferece.

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