O juiz federal Sérgio Moro, responsável pelas ações da Operação Lava Jato na primeira instância, disse no México que “a corrupção seguirá existindo, mas devemos romper as regras da impunidade”.
Moro falou a estudantes de Direito e foi ao Senado mexicano, na terça-feira, 27, e também esteve com ministros da Suprema Corte de Justiça do país. O juiz viajou a convite da ONG Mexicanos contra a Corrupção.
Aos parlamentares mexicanos, Moro afirmou que “a corrupção não é uma doença tropical”. “Não existe nenhum destino manifesto que condene os países latino-americanos à corrupção”, afirmou.
O juiz destacou a colaboração das autoridades suíças com a investigação e a relevância dos delatores da Lava Jato. “Foi muito importante a colaboração de delinquentes confessos. Um ex-diretor da Petrobras revelou os crimes de outro. Isso possibilitou processar um caso muito mais grande que revelou todo um sistema criminoso”, disse Moro, segundo reportagem publicada no site do jornal El País. “É importante ter provas. Não se pode julgar somente com depoimentos.”
Moro disse ainda que as sentenças da Lava Jato “não são trabalho de um só homem”. Para o magistrado, o Brasil tem “uma democracia muito exigente, depois dos anos de governo militar”. O juiz federal pontuou que, atualmente, as instituições estão fortalecidas, como o sistema de Justiça, além de destacar a “independência” dos órgãos de investigação.
“A Lava Jato contou com o apoio da opinião pública e da imprensa”, anotou. “Têm sido determinantes porque evitam a obstrução da Justiça”, disse. Ao se referir aos réus da Operação Lava Jato, políticos e empresários, Moro afirmou aos mexicanos que “esta gente é muito poderosa”.