Nem metáfora, muito menos paródia. É a realidade. No Brasil, quando o assunto é corrupção, tudo o que foi será de novo do jeito que já foi um dia. As promessas passam, e o errado fica mergulhado para emergir logo depois. Os corruptos compulsivos voltarão em ondas como um mar num indo e vindo infinito.
É assim, cantarolando a música de Lulu Santos, que brasileiros começam a manifestar apoio a uma suposta candidatura de Sérgio Moro ao Palácio do Planalto em 2022. O ex-ministro deve trazer o global Luciano Huck como vice. E a Vênus Platinada, com seus tentáculos virtuais e impressos, parece apostar nisso.
A sinalização de que a família Marinho, desafeta do presidente Jair Bolsonaro, joga as fichas numa vitoriosa campanha do ex-juiz da Lava Jato, tem sido dada ao longo dos últimos dias. Essa demonstração veio à tona mais uma vez nesta segunda, 9, com publicação de entrevista onde Moro acusou o governo de ser omisso no combate à corrupção, com um alerta: os corruptos estão de volta e mais roubo farão.
Leia trechos da entrevista ao Globo:
Vejo a omissão do governo em apoiar a retomada do restabelecimento da prisão após a condenação na segunda instância. Isso é injustificável e contraria, inclusive, as promessas de campanha feitas em 2018. Da mesma forma, havia uma expectativa de que poderíamos caminhar para a redução do foro privilegiado.
O governo tem se mantido inerte em relação a esses temas. Então, a afirmação de que não existe corrupção, em primeiro lugar, não é absolutamente consistente com os fatos. Segundo, se não trabalharmos em um sistema de controle e prevenção, a corrupção vai voltar e, talvez, mais intensa do que foi no passado.
O governo tinha uma posição bastante rígida no início, em relação ao não loteamento político-partidário dos cargos públicos, por exemplo. Parece que essa política mudou sensivelmente no decorrer deste ano. Isso também acaba sendo uma possível fonte de oportunidades de práticas de corrupção. Se diminui o risco para o criminoso e aumenta a oportunidade, a prática é previsível.