Apesar dos limites que ainda persistem na economia, como a dificuldade em alavancar o setor industrial, o governo tem o que comemorar. A Petrobras vai bem, batendo recordes na produção de petróleo e gás, e o mercado aceitou a nova política de dividendos da empresa. O Projeto Desenrola de renegociação das dívidas proposto por Fernando Haddad teve boa aceitação dos bancos e já começou a dar resultados.
No Congresso, o novo arcabouço fiscal depende das negociações com o Centrão, mas a expectativa é que seja aprovado em breve e espera-se também que a reforma tributária comece a andar. Mas, a notícia mais importante da semana para o governo foi ter conseguido dobrar a intransigência de Campos Neto.
Mesmo que o placar do Copom mostre que há dissidência interna na autoridade monetária, o corte de meio ponto percentual na taxa básica de juros, com o voto favorável do próprio presidente do Banco Central, aponta para a mudança de rota que há muito Lula esperava.
Além de beneficiar o crescimento, o corte na Selic também deve contribuir para aliviar a pressão da dívida pública. De cara, o meio ponto economiza o equivalente a um Minha Casa, Minha Vida. Às vitórias na economia, somam-se às da política.
O aliado de Lula, Cristiano Zanin, assumiu como ministro no STF e, em breve, haverá a indicação de um novo ministro que deverá ocupar a vaga de Rosa Weber, que está para se aposentar. E se o governo conseguir fazer do limão uma limonada, usando a reforma ministerial tão aguardada pelo centrão para ampliar sua base aliada e engolir o PP e o Republicanos, ele pode sonhar com águas mais tranquilas e estará pronto para passar a tarrafa nas eleições municipais de 2024.
No entanto, se o problema não é a oposição, a amplitude e a diversidade de um governo cada dia com mais cara de coalizão pode gerar problemas para manter no mesmo barco aliados que vão do MST aos dissidentes do bolsonarismo, passando pelos pragmáticos do Centrão.