A crise econômica provocada pela pandemia de Covid-19 “entrará para a história como uma das piores que o mundo já experimentou”. A avaliação é da secretária executiva da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), Alicia Bárcena, em nota distribuída à imprensa.
Segundo Bárcena, a crise “terá efeitos devastadores na economia mundial, certamente mais intensos e diferentes dos sofridos durante a crise financeira global”, cujo epicentro foi em setembro de 2008. Ela alerta que “os países da América Latina e do Caribe não os esquecerão, pois serão impactados por vários canais”.
A especialista prevê que o comércio mundial será “gravemente afetado” e as diversas economias sofrerão tanto pela quebra da oferta, por causa da interrupção de fornecimento em diferentes cadeias produtivas, quanto pela demanda por causa da perda de renda e do desemprego.
A estimativa da Cepal para o desempenho da economia regional em 2020 já era pessimista antes da expansão do coronavírus. Em dezembro, a comissão previu crescimento de 1,3% este ano.
De acordo com as projeções da Cepal para 2020, se houver uma redução de 1,8% do produto interno bruto em toda América Latina e Caribe por causa da doença, a taxa de desemprego na região poderá aumentar em dez pontos percentuais.
Se o cenário for confirmado, o número de pessoas pobres da região vai subir dos atuais 185 milhões para 220 milhões – contingente maior que a população brasileira (211,2 milhões, nos cálculos do IBGE. O número de pessoas em extrema pobreza (sem recursos para a manutenção da capacidade de trabalho) subirá dos atuais 67,4 milhões para 90 milhões (quase o dobro da população do estado de São Paulo, 46,1 milhões).
Em termos percentuais, o total de pobres pode a chegar a 35% da população latino-americana e o total de extremamente pobres, a 14,5%. Segundo a Cepal, os países latino-americanos totalizam 620 milhões de pessoas, mais de um terço dessas são nascidas no Brasil.