O Índice de Desempenho Econômico do Distrito Federal (Idecon-DF), que mede o desempenho econômico da capital federal, registrou variação negativa de 4,2% no segundo trimestre de 2020 em comparação com o mesmo período de 2019, de acordo com os dados da 13ª edição do Boletim de Conjuntura do Distrito Federal (2º Trimestre 2020), apresentado pela Codeplan.
Este cenário, descrito pelo Idecon-DF, mostra que a pandemia do novo corona vírus influenciou significativamente na desaceleração da economia do DF, afetando de forma negativa os segmentos dedicados ao fornecimento de bens e serviços não essenciais para a população. Para Jean Lima, presidente da Codeplan, “os percentuais negativos eram esperados pelos agentes econômicos, dada a relevância do impacto da crise de saúde pública sobre a economia local, nacional e até internacional”.
Esta é a primeira edição do boletim que revela, por inteiro, o impacto causado pela crise sanitária do novo coronavírus na economia nacional e local, já que a larga paralisação das atividades econômicas em decorrência da pandemia ocorreram entre os meses de abril e junho.
No acumulado em quatro trimestres, a economia brasiliense apresenta tímida variação positiva, de 0,4%, enquanto a economia brasileira registra queda de -2,2%. O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro – medida mais ampla que o Idecon-DF – foi de -11,4% no segundo trimestre do ano, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No que se refere à posição de ocupação dos trabalhadores, houve uma contração generalizada em todas as ocupações entre o 2º trimestre de 2020 e o mesmo período de 2019, exceto no setor público, que apresentou crescimento de 9,1% no período, grande parte em razão das contratações na área da saúde para reforçar os atendimentos hospitalares públicos durante a pandemia.
No setor privado, houve uma redução significativa no número de empregados sem carteira assinada (-31,6%, ou -31 mil ocupados) e com carteira assinada (-16,3% ou -92 mil ocupados). Entre os empregados domésticos, houve redução de 23,1% (-21 mil ocupados). Os fatores que podem explicar essa baixa são: redução na renda familiar que levou algumas famílias a reduzirem ou encerrarem seus gastos com prestadores de serviços; e a possibilidade de contágio pelo novo coronavírus, por ambas as partes.
Patrícia Café, secretária-executiva de Assuntos Econômicos, explicou que o Distrito Federal deve vivenciar nos próximos meses uma taxa de crescimento econômico melhor do que a que foi apresentada hoje, exatamente porque estamos vendo recuperação no comércio um pouco mais adiante. “De fato, os meses de abril, maio e junho foram os mais críticos em termos de atividade econômica no Distrito Federal, então acredito que na próxima edição do boletim iremos observar números mais positivos “ afirmou.
O secretário de Desenvolvimento Econômico, José Eduardo Pereira, destacou a importância dos dados para a avaliação da conjuntura. “Para que tenhamos balizadores necessários, no sentido de observar aquilo o que está sendo desenvolvido em uma agenda de eficiência, estamos trabalhando juntamente com as secretarias de Economia, Empreendedorismo e Trabalho, e com a Codeplan nos fornecendo diuturnamente dados importantes para que possamos seguir uma trilha voltada para o enfrentamento dos dilemas econômicos e sociais”, disse.
Setor de atividade econômica
O índice negativo é resultado de diversos fatores, entre eles, a desaceleração nos setores da Indústria (-10,9%) e de Serviços (-3,9%), motivada principalmente pela crise de saúde pública desencadeada pela Covid-19. O crescimento da Agropecuária (2,1%) contribuiu positivamente para o resultado. Em âmbito nacional, o cenário foi o mesmo nos três grandes setores, com alta na Agropecuária (1,2%) e queda na Indústria (-12,7%) e nos Serviços (-11,2%).
A razão pela qual a Agropecuária foi o único setor a registrar crescimento durante o ápice das paralisações econômicas é o fato de ser considerada atividade essencial e, portanto, não ter sofrido alterações consideráveis no seu funcionamento. Isso mostra que a pandemia afetou de forma diferente os setores produtivos da economia nacional e local. Apesar da alta, o setor responde por apenas 0,4% da estrutura produtiva do Distrito Federal.
A redução no consumo de bens e serviços, ocasionada pela perda do poder de compra da população local, e a paralisação das atividades econômicas, explica as quedas no Comércio (-20%) e na Construção (-15,1%), principais segmentos responsáveis pela redução observada no crescimento da Indústria e dos Serviços, este último representando 95,7% da estrutura produtiva local. Vale ressaltar que a contração na Construção pode refletir negativamente no mercado de trabalho local, com redução no número de ocupados, já que concentra considerável mão de obra.
As Atividades financeiras, de seguros e de serviços relacionados foi o único segmento dos Serviços que registrou alta (1,5%) na comparação do 2º trimestre de 2020 com o mesmo trimestre de 2019. Isso pode estar associado ao fato de as taxas de juros se encontrarem em um patamar historicamente baixo, o que pode estimular as transações financeiras e as contratações de crédito.
Mercado de trabalho e renda
A perda do poder de compra da população local está relacionada ao aumento do desemprego na região. Em função da pandemia, muitos moradores do Distrito Federal ficaram desempregados, foram afastados de suas funções ou tiveram seus contratos alterados com redução da carga horária e, proporcionalmente, dos salários.
Pela primeira vez desde 2012, a massa de rendimento real no DF ficou abaixo dos valores habitualmente recebidos, atingindo R$ 4.889,00 milhões no segundo trimestre deste ano. O aumento do desemprego em todas as posições de ocupação, exceto as do setor público, aliado à redução do rendimento médio de todas elas, levou a uma redução de 7,0% na massa de rendimentos reais dos assalariados locais.
A taxa de desemprego distrital encerrou o primeiro semestre de 2020 em 21,6%, frente a 19,4% no mesmo período de 2019, o que equivale a 327 mil pessoas desocupadas na capital federal. Houve 23.002 desligamentos a mais que contratações no 2º trimestre de 2020 no DF, ocasionando uma redução de 131 mil pessoas na massa de ocupados. O setor econômico mais afetado foi o de Serviços (-15.900 vagas), cujo número de postos fechados se aproximou do número de empregos criados ao longo de todo o ano de 2019 (16.241). No período, apenas a Construção (+33 vagas), segmento da Indústria, teve tímido saldo positivo.