A Ponte JK, que liga o Lago Sul e região dos condomínios ao Plano Piloto, vai sugar 30 milhões de reais em uma nova reforma. O edital, elaborado pela Terracap, está na praça. Por ela trafegam diariamente mais de 70 mil veículos. E teme-se uma catástrofe se reparos não forem feitos.
Conhecidas como verdadeiras obras de arte, as pontes são de extrema importância para o desenvolvimento econômico e social de um país, cidade ou região. Além do caráter funcional, muitas dessas obras transformam-se em ícones das cidades e se tornam referências das comunidades.
São, porém, estruturas de alto custo de construção, reparo e recuperação. Quando falta manutenção, podem provocar grandes transtornos e um custo social incalculável. O investimento em reparos deve ser prioridade para qualquer gestor de uma cidade, avaliam especialistas.
Mas não é assim que o governo de Rodrigo Rollemberg trata a Ponte JK, inaugurada em 2002. O projeto arquitetônico desafiou a engenharia para ser erguido. Durante a construção, a data prevista de entrega foi remarcada três vezes. Além do valor que teve orçamento inicial de R$ 40 milhões e terminou custando – com cheiro de superfaturamento e corrupção – R$ 186 milhões aos cofres públicos.
Ninguém imaginou que 16 anos depois de inaugurada, a jovem ponte iria continuar dando dor de cabeça. Isso porque com seus 1,2 mil metros de extensão e com uma estrutura metálica sustentada por cabos de aço sobre o Lago Paranoá, a JK implora por manutenção.
Nesta semana, o problema veio à tona: uma placa que faz parte da junta de dilatação da ponte se rompeu e causou transtornos ao trânsito no início da tarde da última quarta-feira, 22. Mesmo problema que já havia acontecido em fevereiro deste ano, quando peças de borracha se desprenderam.
Ainda durante toda a semana, a reportagem de Notibras ouviu motoristas que passam com frequência pela ponte. A opinião unânime é de que a estrutura está precisando de reparos para voltar a ter a exuberância de cartão-postal.
As milhares de pessoas que trafegam de carros por ali diariamente podem até não perceber, mas a Ponte JK também pode estar ruindo aos poucos. A sala que abriga os computadores de monitoramento, que fica sob a estrutura de ferro e concreto, está jogada aos ratos. No local é possível saber se algo fora do comum pode acontecer.
Em defesa da reforma, o presidente da Novacap, Júlio Menegotto esclarece que, atualmente, o monitoramento da Ponte JK é feito pela própria empresa, que realiza o acompanhamento do local 24 horas por dia. No entanto, admite também que se faz necessária uma licitação urgente para a contratação de uma empresa especializada no ramo.
A “urgência” para a contratação de uma empresa revela o perigo escondido nas estruturas da ponte JK que veio à tona com o desabamento do viaduto do Eixão Sul. O histórico de problemas é grande. Em janeiro de 2011, a ponte foi interditada devido a um desnível no piso, fazendo com que fosse liberada apenas para veículos leves, como carros de passeio e motos. A velocidade permitida foi reduzida para 40 quilômetros por hora. Na época foi detectado um desnível de 3 a 4 centímetros.
Nascida através da corrupção, a ponte tem amigavelmente avisado que algo não vai bem, mas os responsáveis silenciam e colocam em risco a vida daqueles que atravessam de uma cidade a outra. Que Deus salve Brasília da atual má gestão.