Não foi o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco, quem mais perdeu com a obrigação, imposta pelo ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo, para que se instale a CPI da Covid.
O grande derrotado foi o presidente Jair Bolsonaro que passa a precisar de uma blindagem pesada no parlamento para enfrentar um processo de investigação – e de agitação – de potencial muito mais explosivo do que qualquer investigação feita até agora no parlamento, muito mais ligada à vida real que a “CPI das Fake News” onde as injúrias e calúnias vinham de toda a parte.
Esta, ao contrário, leva direta e concretamente o genocídio para o debate parlamentar. E não parece impróprio que se fale em genocídio ao discutir-se a mortandade de brasileiros em meio a dias onde as mortes passem de 4 mil.
Parece evidente – e razoável – que seja o patusco general Eduardo Pazuello a via preferencial para atingir Jair Bolsonaro, além de suas próprias declarações debochadas e negacionistas sobre a escalada de mortes.
Pazuello é, afinal, o “seu exército”, que ocupou o Ministério para impor uma política desumana e negacionista. Já não tinha jeito no cargo e, agora, despido de sua empáfia parece ter poucas condições de defender o que fazia senão as do “um manda, o outro obedece”.
É natural que se queira saber a que foi mandado.
Vai, portanto, custar bem caro montar uma maioria eficiente para Bolsonaro na CPI, embora ela possa sempre ter a tropa de choque dos seus incondicionais.
Mas não basta. O Centrão vai cobrar mais para fazer o tratamento precoce do governo na CPI. A conta vai ser salgada para Bolsonaro.