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8 de Janeiro

CPI pega de coronel pra baixo e evita briga com os quarteis

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Lauro Allan Almeida Duvoisin e Miguel Enrique Stédile/Via Boletim Ponto - Foto Fábio Rodrigues Pozzebom

A CPI do 8 de Janeiro tem exibido apenas o clima de quinta série que se tornou a marca registrada do Congresso brasileiro, com parlamentares mais preocupados em ‘lacrar’ e postar nas suas redes sociais. A lentidão da CPI surpreende considerando que a Comissão da Câmara Distrital de Brasília, a Polícia Federal e os inquéritos do STF já produziram um volume extenso de documentação. O que se explica pelo fato de que o governo nunca teve interesse na CPI e a oposição só queria usá-la para causar tumulto.

O problema é que as informações encontradas no celular de Mauro Cid entregam mais do que o já esperado plano de golpe. Aparecem também Augusto Heleno em um grupo de zap golpista, assim como a filha do general Villas Bôas, cuja mãe já era presença certa na frente dos quartéis, além dos pedidos do coronel Jean Lawand, juntamente com outros 10 militares da ativa, para que Bolsonaro convocasse logo o golpe.

Resta ainda saber quem era o interventor que os conspiradores pretendiam empossar: o próprio Bolsonaro ou, seguindo a tradição de 1964, os militares diretamente sem intermediários? Fato é que, não só 8 de janeiro tinha cheiro e gosto de golpe de Estado, como estava impregnado de militares. E é aí – nos quartéis – que mora o problema.

Como lembra Hélio Schwartsman, o governo Lula não está nem um pouco interessado em quebrar os pratos com a caserna. Prova disso, é o ‘deixa pra lá’ do ministro José Múcio, afirmando que ‘jamais saberemos quem era o responsável por 8 de janeiro’, e o retorno da segurança do presidente Lula para o inconfiável GSI, um claro sinal de pacificação.

Por outro lado, Fernando Exman diz que ‘anistia é coisa do passado’ e os militares não podem gozar da mesma impunidade que tiveram no fim da ditadura. É bastante provável que o desfecho para a aventura neofascista dos últimos anos seja a degola dos soldados rasos para salvar os generais. Em outras palavras, a expulsão de Mauro Cid das forças armadas, a prisão de Anderson Torres, alguns deputados cassados e a inelegibilidade de Bolsonaro.

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