Claudia Pereira
Algumas frases são clássicas para quem vai se tornar mãe, dicas vindas, principalmente, das mais experientes para as de primeira viagem. Uma das coisas que mais ouvia quando estava grávida dos meus filhos gêmeos era: “aproveita enquanto estão na barriga”. Perdi a conta de quantas vezes primas, amigas e até mesmo mulheres desconhecidas com quem cruzava na rua, todas mães, me falaram isso ao longo da gestação.
Os rebentos chegaram e, a cada fase, um novo conselho. Ainda bebês, uma espécie de mantra proferido por mãe, tias, tios, e até por quem nunca tinha tido a experiência da maternidade: “aproveita, pois essa fase passa voando”. Quem tem filhos gêmeos sabe que, literalmente, o trabalho é dobrado. Banho, alimentação, atenção, quando um adoece, o outro, na sequência, acompanha. Pense na imagem da exaustão, essa é a mãe de gêmeos.
Tem aquele período em que a criança começa a balbuciar as primeiras palavras. E a dica: “quando você menos esperar eles estarão falando”. Verdade. Este momento, infelizmente, eu perdi. Como sempre trabalhei fora, não estava em casa para ouvir a primeira palavra que ambos falaram: “água”. Tive de me contentar com o relato da Isabel, a querida babá que nos acompanhou por anos.
Quando começam a engatinhar e a andar, a frase “agora você vai ver o que é bom, tira tudo que pode machucar do alcance deles” passa a ser o novo conselho. É bem verdade que tive de modificar algumas coisas na casa. Acredito que a primeira ação de toda mãe é colocar protetores nas tomadas. Não entendo que tanta curiosidade os bebês têm com isso.
Algumas amigas me perguntam quando essa “trabalheira” da fase de bebê começa a ficar mais amena, sempre respondo que é quando os filhos começam a tomar banho e a se limparem sozinhos após irem ao banheiro. Para mim, um novo mundo se abriu quando entramos nesta etapa.
Alguns dizem que a fase dos 3 anos é a melhor da criança, a mais fofa e amorosa. Me lembro com carinho desse período. E lá vem o pessoal dizendo: “aproveita, pois essa fase fofa passa rapidinho”.
Se for escrever aqui todas as dicas e conselhos que recebi de todas as mães com quem cruzei ao longo da minha jornada… senta que lá vem história.
Hoje, com os gêmeos já adolescentes, eles têm 16 anos, sinto que, de fato, tudo passou muito rápido. Minha mãe, tias, primas e mães aleatórias com quem cruzei tinham razão. Fico com a sensação de que quando eles eram bebês e crianças, o cansaço me impulsionava para o mesmo questionamento das amigas que hoje me interpelam: “quando essa trabalheira ficará mais suave”? Hoje, sou a verdadeira mãe saudosista. Sinto saudade de um tempo que não volta mais, tenho de me contentar com as lembranças guardadas na memória – que um dia a idade levará embora – e com as imagens das centenas de fotos feitas durante todas as fases de crescimento dos meus filhos.
Agora na adolescência, claro que as dicas e conselhos continuam. Muitos dizem que é a pior fase dos filhos, que eles ficam agressivos, distantes etc. Realmente é um período peculiar, mas enxergo como mais uma etapa de aprendizado, como todas as outras. Acredito que as atitudes dos filhos, independentemente da fase, é muito o reflexo das ações dos pais. Claro que na adolescência eles se tornam muito mais argumentativos, o anseio pela independência começa a esmurrar a porta e eles acreditam que tudo podem.
Se antes os filhos compartilhavam tudo com você, a descoberta da individualidade começa a ser um filtro. Passam a ter novas relações e a trocar com outras pessoas. A companhia que até tempos antrás era constante, passa a não ser mais. Deixam de te acompanhar em muitos eventos – principalmente os de família – e começam a criar suas próprias rotinas. Não consigo enxergar nada de negativo nisso, muito pelo contrário, vejo como uma grande conquista – não apenas para eles, mas para mim, no papel de mãe e educadora.
Não é preciso conselhos para saber que estar atento a todo esse desabrochar é essencial. Prestar atenção nos amigos, no comportamento, no palavriado, no corpo. Nesta etapa, os próprios filhos passam, direta ou indiretamente, a serem os conselheiros, os que dão as dicas.
Tenho ainda mais um tempinho nesta fase e, volta e meia, penso em como será quando forem adultos. Mas este será um outro capítulo desse livro em branco chamado maternidade.