A América Latina é uma região de contrastes quando o assunto é sustentabilidade. Por um lado, a Costa Rica é líder global em energias renováveis. Por outro, México e Brasil – inclusive com toda sua potência aquífera – enfrentam desafios na eficiência do uso da água. Além de um lembrete do imediatismo e da gravidade dos desafios que enfrentamos, são um imperativo para uma gestão responsável e uma liderança visionária. E Brasília está seguindo o mesmo passo, em especial quando se trata de alimentos sem agrotóxicos.
De olho nesse cenário, foi feito o estudo “Sustentar para ganhar: Desvendando práticas ecológicas para alcançar o crescimento de marca”, realizado pela Kantar. A proposta é apresentar análises e recomendações estratégicas para orientar as indústrias a fazer mudanças fundamentais em torno à sustentabilidade, transformando-a de uma palavra da moda e intangível em modelo de ação.
“Nossa exploração sobre sustentabilidade mais recente não pretende ser uma mera nota de rodapé nas crônicas da jornada ambiental. Ela aspira a ser um farol, trazendo à superfície diferentes pontos de referência para um caminho transformador que temos pela frente. Não apenas reunimos dados, e sim descobrimos um apelo por mudanças abrangentes e significativas por parte do consumidor, que quer ter participação ativa neste contexto”, afirma Kesley Gomes, diretor da Kantar.
Embora o mais comum fosse que as pressões econômicas impactassem os comportamentos ecologicamente conscientes, os dados contam uma história diferente. Os Eco-Actives, consumidores mais comprometidos com a sustentabilidade, voltam a crescer após dois anos de queda. Em 2023, eles formam 18% da população e compõem um mercado de US$ 15 bilhões na compra de bens massivos de consumo no mercado sul-americano.
Vale destacar também que as famílias menores podem, em breve, ultrapassar as maiores em práticas ecológicas. Isso porque 35% dos lares compostos por uma ou duas pessoas são segmentados como Eco-Actives.
“Os consumidores conscientes são uma força crescente que molda o futuro da indústria. Eles estão optando por marcas que se alinham aos seus valores. E se uma empresa consegue demonstrar um compromisso real com a gestão ambiental ou social, ela não apenas ganha uma venda, ganha confiança”, comenta Kesley.
Ainda assim, algumas barreiras impedem que mais pessoas adotem uma rotina sustentável, compondo um grande contexto de desenvolvimento para a experiência de compra. Até mesmo os Eco-Actives têm suas ressalvas, inclusive a respeito dos preços praticados pelos produtos que compõem a categoria (70%).
Além de outros fatores como a dificuldade em encontrar esses itens (61%) e a falta de informação (55%), isso quer dizer que até os grupos mais engajados precisam de ajuda para entender o que estão comprando ou usando. E a forma de usar é um dos pontos cruciais no contexto da indústria – o desperdício hoje é extremamente mal visto entre os consumidores. Avaliar as barreiras de forma interconectada é importante.
Isso significa que varejistas e fabricantes precisam buscar o protagonismo e liderar o caminho para os consumidores. Eles têm papel crítico a desempenhar no bem-estar da Terra em toda sua abrangência. Prova disso é que 50% procuram ativamente empresas que ofereçam formas de compensar seu impacto no meio ambiente e diversidade e 44% deixaram de comprar produtos devido ao seu efeito na natureza.
“Os consumidores estão mais informados do que nunca. A transparência não é uma vantagem, é um pré-requisito. Quer se trate de uma redução de ingredientes pouco saudáveis, de um compromisso com a sustentabilidade ou de um foco em elementos orgânicos, naturais ou de origem local, a visibilidade desses fatores não é negociável. É exigida”, alerta a especialista.