De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, CDC, a incidência de casos de autismo deve crescer 15% ao ano no país, nos próximos anos. Em 1980 a prevalência era de 1 caso para 2000 nascidos vivos. Em 2013 passou para 1 em cada 50, em 2018 subiu para 1 em cada 28 e a previsão para 2033 é alarmante, 1 para cada 4.
A boa notícia é que, assim como boa parte dos transtornos e das doenças, como as doenças crônicas não transmissíveis, o autismo pode ser prevenido desde o início da gestação, até o segundo ano de vida da criança, que é o período citado pelo Programa dos Mil Dias da Organização Mundial da Saúde – que já foi tema de alguns posts desse blog.
A ideia de que o transtorno do espectro autista (TEA) é ‘prevenível’ é nova, até agora ele era tratado apenas como fruto de características genéticas, cujos sintomas só podem ser controlados por meio de medicamentos tradicionais.
O livro ‘Abordagem nutricional na prevenção e no tratamento do autismo’, da nutricionista Denise Madi, que acaba de ser lançado, apresenta o seu caráter multifatorial: “Um transtorno cuja origem é apenas genética não apresentaria um aumento tão significativo na prevalência ao longo dos anos, o que comprova que ele também possui causas ambientais. Sendo assim, podemos interagir com elas para preveni-lo ou até mesmo para reverter os seus sintomas”.
As causas biológicas mais comuns do TEA são: desequilíbrios nutricionais, processos inflamatórios, distúrbios gastrointestinais, alergias alimentares e ambientais (como o contato com metais tóxicos, agrotóxicos, substâncias presentes nos plásticos como ftalatos e bisfenol, entre outros). Estes fatores, precisam estar associados à predisposição genética e normalmente acontecem simultaneamente. A partir dessas afirmações, a abordagem do autismo pelo ponto de vista nutricional tem apresentado respostas que até agora não haviam sido alcançadas por outras áreas da ciência, que privilegiam o seu tratamento com remédios, em detrimento da modificação das suas causas.
Além da prevenção, uma intervenção precoce, com foco na extinção de suas causas, pode até reverter muitos sintomas do autismo: “Quando se detecta os fatores causais biológicos (nutricionais) do TEA, é possível restabelecer o equilíbrio do organismo, com resultados gratificantes. Tenho exemplo de crianças que voltaram a estabelecer contato visual, que ampliaram muito o leque de alimentos aceitos nas refeições, que começaram a falar, que apresentaram avanços na escola e nas relações interpessoais e até mesmo a remissão das estereotipias”, revela a nutricionista que passou a estudar o tema por conta do alto número de pacientes autistas que vinha recebendo em seu consultório.
Como o tema é bastante polêmico e envolve a necessidade da interação com outras áreas da saúde para um melhor resultado, a publicação se baseou em uma série de estudos científicos nacionais e internacionais, que garantem o seu embasamento.