O consumo de bens não duráveis deverá continuar em alta no próximo ano na América Latina, ainda que em menor intensidade. De acordo com o levantamento Consumer Insights Q3 2024, produzido pela divisão Worldpanel da Kantar, a projeção é que as compras cresçam cerca de 0,6% em unidades. Cada mercado, porém, deve performar de maneira diferente.
Brasil e Colômbia, por exemplo, devem crescer acima da média da região. A expectativa para a América Central (Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras, Nicarágua e Panamá), México e Peru é que o mercado permaneça estável. Argentina, Bolívia e Chile, por sua vez, devem ficar abaixo da média.
As projeções são baseadas no cenário de consumo do terceiro trimestre de 2024, que apresentou alta de 1,5% em termos de volume. Com isso, a região completou nove trimestres consecutivos de expansão. “Apesar do crescimento mais lento, a demanda consistente por produtos massivos em trimestres seguidos reflete a recuperação socioeconômica na maior parte da região e uma nova forma de comprar dos latinos”, comenta Marcela Botana, Market Development Director Latam, da Kantar.
Na prática, isso se traduz em carrinhos de compras maiores (alta de 11% no terceiro trimestre de 2024 em comparação ao anterior) e na priorização de cestas básicas. Alimentos e Bebidas continuam sendo majoritários, abocanhando 34,7% e 19,8% de relevância em 2024, respectivamente. Os Laticínios, contudo, seguem tendência de queda, indo de 19,2% em 2023 para 18,5% em 2024.
Quando o assunto é canal de compras, as lojas tradicionais apresentaram declínio pelo oitavo mês consecutivo, caindo 44% em contribuição em setembro de 2024. Isso é algo inédito, já que sempre foi o maior e mais sólido nesse mercado. A preferência é transferida, principalmente, para as lojas de desconto (47%) e para os atacadistas (39%).
Uma novidade na região é que as marcas próprias vêm liderando o crescimento desde março de 2024 – isso mesmo representando apenas 7% do volume total. Elas, inclusive, impulsionam mais de 30% das novas vendas em todas as cestas, com destaque para Beleza e Cuidado Pessoal (40%) e Alimentos (26%) e Bebidas (70%).
“Acreditamos que 2025 pode ser o primeiro ano em que a América Latina, por muito tempo capitaneada por marcas comerciais, se volte para as marcas próprias como a principal fonte de crescimento do volume de bens não duráveis”, analisa a executiva.
Ainda é válido destacar que questões como sustentabilidade e valores pessoais continuam a influenciar as decisões do latino-americano. A quantidade de Eco-Actives (compradores que se preocupam com o planeta e estão tomando as medidas necessárias para reduzir o desperdício) cresceu de 18% em 2023 para 27% no ano seguinte.