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Entrevista/Eduardo Martínez

‘Criamos uma válvula de escape para poetas, contistas e cronistas’

Publicado

Autor/Imagem:
Cecília Baumann - Foto Acervo Pessoal

Hoje trago uma entrevista com o Eduardo Martínez, que divide o comando da editoria Café Literário, aqui no Notibras, com o Daniel Marchi. Edu, que possui mais de 600 contos e crônicas publicados em nosso portal de notícias, é autor de quatro livros, além de dezenas de participações em coletâneas, demonstrou uma felicidade enorme por ter a responsabilidade de comandar, ao lado do Daniel, o Café Literário.

Botafoguense de coração, Edu vive na ponte-aérea Brasília-Porto Alegre. Às vezes, faz a viagem de carro, horas em que, engolindo com os olhos as paisagens como quem se delicia com um churrasco, busca muita inspiração. Sua vida é preenchida por três amores: Malulinha, a caçula; Dona Irene, a esposa: e, claro, a literatura, que lhe permitiu ornamentar as paredes e as estantes com muitos prêmios.

Leia a entrevista a seguir:

Edu, como é estar à frente do Café Literário, a nova editoria de Notibras?

Ceci, na verdade, essa coisa de estar à frente, de comandar ou qualquer outra palavra que o valha, não importa. Só o fato de fazer parte do Café Literário ao lado do Daniel Marchi, de quem sou fã há tempos, é algo incrível. Sem falar que o Dan e eu ainda podemos recorrer aos nossos colegas do Notibras: o José Seabra, o Wenceslau Araújo, o Mathuzalém Júnior, o Armando Cardoso, a Sonja Tavares… E não dá pra esquecer o Foca, o nosso faz-tudo. Aliás, já aconteceu até um bate-papo com a Sonja, com quem, na verdade, eu só conhecia das reuniões. Então, na hora do cafezinho, ela me disse que um dia desses foi questionada por uma vizinha sobre o Café Literário. A vizinha queria saber se a Sonja trabalhava conosco, pois desejava mandar umas poesias.

E ela mandou?

Sim, e será publicada em breve.

O Café Literário está completando um mês. Qual a sua análise sobre os autores já publicados?

Ceci, o Dan e eu conversamos diariamente sobre isso. Foi uma grata surpresa por descobrirmos… Bem, creio que a palavra adequada não é essa, pois esses poetas e escritores já estavam aí, cada um buscando seu espaço, só que não os conhecíamos ainda. É verdade que, pelo menos no meu caso, há algum tempo já acompanhava o maravilhoso trabalho da Joseani Vieira, da Tania Miranda, do Leonardo Assafin e do Arthur Claro. Sei também que o Dan conhece há algum tempo outros, como o Renan Damázio, a Luzia Inês Martins, o Gustavo Condurú. Mas a grande maioria era desconhecida para a gente, o que não é demérito para eles. E com o Café Literário tivemos a oportunidade de conhecer gente incrivelmente talentosa.

Você pode citar alguns nomes?

Eu gostaria de citar todos, mas não tem como não enaltecer o Cadu Matos, que é provavelmente o autor que mais encaminha textos. Ele é muito bom! Outros nomes maravilhosos são a Edna Domenica, a Simone Magalhães, a Ana Pujol, o João Francisco Santos da Silva, a Rafaela Fernanda Lopes, o Gilberto Motta, o Álvaro Eduardo Guimarães Salgado, o Hélio Cervelin… Com certeza vou me esquecer de alguém. Todavia, o mais importante não são os nomes, mas o que cada um deles está conseguindo fazer em prol de algo muito além das vaidades pessoais. É óbvio que todos queremos conquistar o nosso espaço, todos desejamos receber elogios pelos nossos escritos. É natural que isso aconteça. Creio, entretanto, em algo maior.

E o que seria esse algo maior?

Talvez eu seja um sonhador, mas imagino um dia em que, numa mesa de bar ou na esquina ou na fila do supermercado ou na praia, não importa, as pessoas discutam sobre determinado livro, determinado conto, poesia, crônica com o mesmo entusiasmo que falam sobre o último Fla x Flu. Imagino um grupo discutindo se cabe ou não artigo definido numa poesia, por exemplo, do Daniel Marchi, da Joseani Vieira, da Luzia Inês Martins ou da Rafaela Fernanda Lopes. Ou se o Cadu Matos exagerou numa palavra, se a Ana Pujol utilizou uma linguagem muito explícita ou como a Edna Domenica foi pensar em determinado conto. Creio que isso é algo que nós escritores imaginamos, mesmo porque, antes de sermos escritores, somos leitores. E, muitos de nós, gostamos de trocar impressões a respeito das obras literárias e dos seus autores.

Edu, como é ter a responsabilidade de selecionar os textos que serão publicados no Café Literário?

O Dan falou uma coisa recentemente sobre essa responsabilidade, e que eu procuro levar para essa tarefa de aprovar ou não os textos encaminhados. É que a escolha não pode recair sobre o que eu gosto ou não de ler. Não pode ser isso, pois o Café Literário não é o meu livro de cabeceira, não é a minha seleção de poesias, contos e crônicas que agradam o meu gosto pessoal. Dessa forma, o Dan e eu precisamos ampliar o leque para abranger o maior número possível de estilos. Isso, aliás, é o que engrandece o Café Literário. Vou até usar uma frase da minha esposa, a Dona Irene: “Edu, não dá pra controlar o gosto do leitor.”

Se você pudesse destacar apenas um ponto do Café Literário, qual seria?

Apenas um? Ceci, mas eu sou Editor de Cultura (risos). Então, creio que posso usar esse meu poder para apontar no mínimo três. Pode ser?

(risos) A palavra é toda sua (mais risos).

Bem, falando sério. É sabido que Notibras não é um site de notícias voltado exclusivamente para a literatura. No entanto, provavelmente, é o único que abriu uma editoria específica, no caso o Café Literário, para dar espaço para poetas e escritores divulgarem sua arte. Só por isso, ele se posiciona como um jornal de vanguarda. Mas não para por aí, pois os autores não precisam implorar, muitas vezes até de forma humilhante, para serem publicados. E continuarão sendo publicados quantas vezes quiserem. Eles possuem voz aqui. E isso é algo que já percebemos inclusive nas entrevistas com eles. E digo mais, as entrevistas são a cereja do bolo. Tanto é que o Dan e eu só ficamos sabendo o que os autores falam quando a entrevista já está no ar. É uma surpresa para nós dois, que obviamente lemos antecipadamente as poesias, contos e crônicas, mas não temos acesso às entrevistas. E fazemos questão de não ter, pois também somos leitores do Café Literário.

Edu, você, que já possui um público cativo nas editorias Quadradinho em Foco e Nordeste, como é trabalhar com tantos poetas e escritores e ainda arrumar tempo para escrever contos e crônicas?

Creio que todo escritor, pelo menos a grande maioria de nós, possui atividades extras. O Dan, por exemplo, é advogado e colecionador de Fuscas. Nem sei mais quantos Fuscas ele possui. Creio que ele é até mais atarefado que eu, e certamente mais organizado. Você já reparou que o cara sempre está impecavelmente vestido? Sem contar aquela barba respeitavelmente alinhada (risos).

É verdade! (risos) Estive com ele recentemente no Rio. Ele é muito gentil também.

Educadíssimo! Parece um lorde inglês. Mas como estava falando, boa parte dos escritores e poetas possui outras atividades, ainda mais porque viver de literatura não é algo fácil. E é óbvio que todos escritores desejam ser reconhecidos. Somos vaidosos, mas há algo muito maior do que a vaidade de cada um de nós, que é a Literatura. Então, não importa se é o meu conto ou do Daniel ou do Cadu que seja publicado. Não se trata desses egos menores, mas de colocar a Literatura onde ela merece estar. Não é uma luta individual, mas coletiva. Então, quando um texto da Edna chega ao leitor, isso contribui. Quando uma poesia da Rafaela é lida, isso contribui. E o Café Literário foi pensado para promover a literatura nacional e levar poesias, contos e crônicas de qualidade para um público cada vez maior.

Quer falar mais alguma coisa?

Primeiro, que tento convencer o José Seabra, fundador de Notibras, a publicar suas crônicas no espaço que ele ajudou a criar. Ele fica à sombra de coqueirais no litoral nordestino (onde dirige nossa sucursal regional) e, sem querer puxar a brasa para a minha sardinha, ele tem um estilo todo especial. Ler seus textos é sentir a brisa marinha, a água de coco ou, como ele prefere dizer, um suco de maracujá que, na falta de água, é feito com cachaça. E principalmente, também quero falar para cada leitor, cada escritor. Divulgue o Café Literário para seus amigos, conhecidos, parentes. Compartilhe e estimule outros poetas e escritores a mandar mais textos para o nosso e-mail: concursocontosecronicas@notibras.com

*Eduardo Martínez é autor do livro “57 Contos e Crônicas por um Autor muito Velho”.

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