Criança feliz, feliz a cantar
Alegre a embalar seu sonho infantil
Oh, meu bom Jesus, que a todos conduz
Olhai as crianças do nosso Brasil…
(Rogerio Cauchioli)
Esses versos embalaram minha infância. Todos os dias, no programa “Na Beira da Tuia”, essa e outras canções louvando as crianças eram entoadas pela dupla Tonico e Tinoco. Sim, era um programa sertanejo. E eles davam muita atenção para os infantes. Nenhum programa começava ou terminava sem alguma menção aos pequeninos. Aliás, era uma época em que havia uma real preocupação com o bem-estar das crianças. Bem-estar verdadeiro. Não essa imitação dos dias de hoje, onde as pessoas fingem estar preocupadas com os brotinhos, mas na verdade estão mais interessadas nelas mesmas…
Estamos vivendo uma era em que o “eu”… o bem-estar do adulto… está acima das necessidades dos pequenos. Vivemos a era do “agora”, onde o que realmente importa para as pessoas é como elas se sentem… fingem que se preocupam com seus pimpolhos, mas só lembram das criancinhas na hora de tirar fotos para postar nas redes sociais e mostrar como seus filhos são lindos… passado esse momento, simplesmente se esquecem dos pequeninos…
Infelizmente essa é a sociedade atual. Frívola, sem senso de família. Há exceções? Talvez… mas as pessoas simplesmente se desligam de seus descendentes e ficam a admirar o próprio umbigo, esquecendo-se que os pequenos é que irão, ou não, apoiá-las nos momentos em que necessitarem. Mas, para que haja apoio, é necessário que se crie um vínculo. E tal simplesmente não existe mais…
Desde o momento em que se criou “a nova sociedade”… na verdade a transição do “Patriarcado” para outro modelo, as coisas desandaram. E por que? Simples… no momento vivemos sem nenhum norte… não temos mais o Patriarcado, mas o Matriarcado também não está no comando. Na realidade, não temos a menor noção de qual será o nosso novo guia…
Estamos escolhendo a nova referência que o mundo irá seguir. Mas há tantas opções que é difícil decidir qual o caminho escolher. Enquanto isso, o que há realmente é o embate entre os gêneros, cada um acusando o outro por “não ter a mente aberta e receptiva para mudanças”… enquanto isso, nossas crianças são relegadas a um terceiro, quarto plano…
Pobres crianças… a muito perderam o direito de serem apenas crianças. Quando os genitores se mais preocupam com suas carreiras e vida social do que com seus pequenos, como é que estas poderão desfrutar da infância, como é seu direito? Afinal, para se tornarem bons cidadão no futuro, precisam de exemplos, de referência…
Que esse doze de outubro, dia em que “comemoramos” o “Dia da Criança”, nos faça acordar para a realidade e que possamos ser pais e mães de verdade para nossos pequenos, dando-lhes todo Amor e Carinho que merecem…