Senhores falidos
Crise econômica ameaça engenhos de Pernambuco
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O cheiro doce da cana já não se espalha pelo ar como antes. Os antigos engenhos de Pernambuco, símbolos de uma história de fartura e suor, vivem dias de incerteza. A crise econômica que assola o país aperta ainda mais o laço no pescoço dessas velhas moendas, que já rangem sob o peso dos tempos modernos.
Por séculos, esses engenhos foram o coração pulsante da economia local. A cana-de-açúcar moldou paisagens, ergueu cidades e sustentou gerações. Mas agora, entre dívidas impagáveis, custos elevados e concorrência internacional, os engenhos sobrevivem à base de teimosia e tradição.
Seu José, dono do Engenho Santa Rita, lembra com nostalgia dos tempos em que caminhões saíam carregados de sacas de açúcar. “Hoje, a gente luta pra pagar a conta de luz”, diz, apontando para a moenda enferrujada, que já viu dias melhores. “Os filhos foram pra cidade, ninguém quer mais saber da lida com a terra.”
A mecanização do campo e a chegada de grandes grupos industriais mudaram o jogo. Pequenos e médios produtores enfrentam dificuldades para competir. O preço da cana oscila como maré braba, e os subsídios governamentais são apenas um alívio passageiro. Quem resiste, faz isso por amor – ou porque não conhece outro caminho.
O que será dos engenhos de Pernambuco? Serão apenas ruínas cobertas de mato, lembranças em livros de história, ou encontrarão um jeito de renascer? Enquanto isso, Seu José segue moendo o que pode, na esperança de que a próxima safra traga não só açúcar, mas também um pouco de futuro.
