Notibras

Crise esfria, mas se tiver reviravolta distritais criarão CPI do Buritigate

A crise que se desenhou entre os poderes Executivo e Legislativo no day after da divulgação de gravações de conversas entre o governador e parlamentares, parece ter dado uma trégua. Essa a impressão que se teve no meio da noite da quarta-feira, 24, após um dia em que se falou de tudo – inclusive na instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar as escutas do Palácio do Buriti.

Deputados mais exaltados – a exemplo de Chico Vigilante, do PT, e Dr. Michel, do PP – foram aconselhados a recolher os flaps, após visita do chefe da Casa Civil Sérgio Sampaio, e do secretário de Relações Institucionais Marcos Dantas, à Câmara Legislativa. Cauteloso, Rodrigo Delmasso (PTN) sugere aguardar as próximas 48 horas para sentir os desdobramentos da crise.

– O momento é grave. As gravações clandestinas foram feitas no gabinete do governador. A segurança institucional do Palácio foi quebrada, e alguém deve explicações, disse Delmasso a Notibras. O deputado é um dos que pode levantar a bandeira de uma eventual CPI, mas condiciona a iniciativa a um posicionamento do governador sobre o ‘Buritigate’.

No Plenário, o deputado Renato Andrade (PR) fez discurso também defendendo uma CPI. A ideia que se tem é a de que se as investigações (a cargo de uma comissão especial) não avançarem ao menos a pressão psicológica ficará registrada. Na pior das hipóteses, o governador se verá obrigado a uma manifestação pública, atitude que ele não teve desde que as gravações foram divulgadas.

Uma CPI para investigar grampos dentro do governo já é uma história antiga e um desejo, inclusive, da atual presidente da Câmara, Celina Leão (PDT). Ela mesma defendeu as investigações no governo de Agnelo Queiroz, quando eram claros os indícios de manipulação no Palácio do Buriti contra parlamentares e jornalistas.

O deputado Dr. Michel tira como lição desse episódio a vulnerabilidade de Rollemberg, “a ponto de ter suas conversas grampeadas”. Segundo o deputado, esse tipo de manobra (de gravações clandestinas) apenas expõe ainda mais o governo. Depois, em tom imperativo, desafiou qualquer pessoa a provar que ele tenha tido comportamento “que macule a relação republicana que tem pautado minha posição de parlamentar”.

Ricardo Coimbra e Elton Santos

Sair da versão mobile