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Temer na berlinda

Crise faz desaparecer luz que havia no fim do túnel

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Altamiro Silva Junior, Cynthia Decloedt e Thaís Barcellos

O ambiente conturbado provocado pela crise política deve ter repercussões na confiança dos empresários e consumidores e, se persistir, pode até prolongar a recessão, segundo avaliação de executivos de bancos.

O risco político é o principal determinante para a economia nos próximos trimestres, afirmou o Credit Suisse em relatório. “A incerteza política e econômica aumentou substancialmente com os eventos das últimas semanas, dificultando ainda mais uma retomada consistente dos investimentos.”

Por enquanto, contudo, o banco mantém as projeções de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 0,2% em 2017 e 2,0% em 2018. Para a instituição, o prolongamento da crise poderia afetar, de forma mais relevante, a aceleração da economia por meio da maior expansão dos investimentos. Assim, há chance de o País ter três trimestres de contração, após o PIB subir 0,8% de janeiro a março, conforme projeção do banco.

“A crise tem potencial de risco de atrasar a consolidação fiscal, reduzir as chances de aprovação da reforma da Previdência e diminuir o ritmo de corte dos juros”, segundo o economista-chefe do Goldman Sachs para América Latina, Alberto Ramos. “A esperada recuperação da economia pode parar. O cenário para a economia real se tornou muito mais incerto.”

Ramos avalia que o ciclo de corte de juros vai prosseguir no curto prazo. O Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne na semana que vem e deve cortar os juros, no máximo, em 1 ponto porcentual. Antes da crise, crescia o consenso para uma redução maior, de 1,25 ponto.

No lado fiscal, uma das consequências é que o Brasil só pode voltar a ter superávit primário após 2020. “No médio prazo, pode ficar muito difícil, sobretudo se as reformas forem adiadas, que o governo cumpra o teto para os gastos”, diz Ramos.

A crise política, no entanto, não alterou o interesse e o comprometimento pelo Brasil do CPPIB, maior fundo de pensão do Canadá, com cerca de US$ 230 bilhões de ativos e 20 milhões de cotistas, afirma o diretor e chefe para a América Latina, Rodolfo Spielmann.

O executivo mencionou que as instituições do Brasil têm funcionado, ao contrário de outros emergentes. O CPPIB investe na América Latina desde 2006. Ele ressaltou, em evento em São Paulo, que o fundo deve expandir investimentos no País.

Para ele, a paralisação das reformas causaria problemas na trajetória de crescimento do País. “O Brasil precisa resolver a questão fiscal”, disse. “Haverá atraso, mas não sabemos por quanto tempo.”

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