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Mananciais

Crise hídrica pode ser problema com dias contados

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Nair Assad

A ameaça da falta de água nas torneiras e nos sistemas de irrigação está com os dias contados. Para isso, basta que o Governo Federal adote algumas sugestões apresentadas por um grupo de especialistas do setor. A Codevasf está à frente de um projeto que de imediato pode ser a solução para o problema. O assunto foi debatido no II Seminário Solo e Água no Contexto de Desenvolvimento em Bacias Hidrográficas, coordenado por Paulo Cerqueira.

Mais de uma dezena de pesquisadores, além de instituições de pesquisa e academia, como a Embrapa, Universidade Federal de Pernambuco, Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura – IICA, abordaram temas que vão desde o Manejo, Conservação, Preservação e Revitalização do Uso do Solo e Água, passando pela Educação Ambiental como Forma de Governança Ambiental, defendida por um grupo de Bom Jesus da Lapa, na Bahia.

Até assuntos polêmicos,  como o abordado por Evaristo Eduardo de Miranda, da Embrapa – Monitoramento por Satélites, com sede em Campinas, São Paulo – também entraram na discussão.

Autor de mais de 40 livros técnicos, Miranda avalia que apesar de milhões de reais tenham sido investidos na região nos últimos 35 anos, a pobreza ou extrema pobreza na região do médio São Francisco mantém-se praticamente a mesma, levando ao questionamento se as respostas para superação do problema estariam em “desenvolver a agricultura, ou os agricultores”, colocando a plateia não apenas para “pensar”; porém, para “refletir”.

A Fundação Nacional do Índio, um dos órgãos presentes com maior interesse nos resultados do Seminário, foi representada pelo engenheiro florestal Hamed Seabra, que propôs a criação de um “Grupo de Trabalho”, mediante Decreto Presidencial, com normas e competências definidas para cada órgão participante, com critérios não apenas de planejamento, mas, também, a execução de planos, programas e projetos definidos, à semelhança do Sistema de Vigilância da Amazônia/Sistema de Proteção da Amazôni. O alvo principal seriam as populações das bacias do Rio São Francisco e Parnaíba, sob coordenação da Codevasf e com fontes de financiamento definidas no orçamento da União.

Para a Funai, entende Hamed Seabra, é de extrema importância a proposta sugerida, em função da elevada quantidade de demandas advindas dos Povos Indígenas e que poderão ser atendidas, ou ao menos mitigadas em função de trabalho conjunto. O engenheiro da Funai ainda apelou aos organismos participantes do encontro para que sejam propostos termos de cooperação com os organismos envolvidos e com vistas à solução de demandas de Povos Indígenas de caráter mais emergencial.

Uma das palestras de destaque e que poderá refletir em benefícios para toda a população brasileira que depende do consumo de água ainda sem soluções de tratamento (com possibilidades, até, para a população atingida pela catástrofe de Mariana, em Minas Gerais) foi proferida por Joselito Menezes de Souza, da Codevasf em Juazeiro, na Bahia.

O tema abordado foi “Viabilidade de uso de coagulante à base de polímeros naturais no tratamento de água para consumo humano na zona rural”. Joselito afirma que os polímeros naturais possuem origem na alimentação japonesa à base de soja e, portanto, sem riscos à saúde humana.

Esse tratamento de coagulantes naturais, associado a um processo também apresentado que aborda equipamento simples, barato e inovador, destinado à dosagem de cloro em água para consumo humano, poderia ser instalado em todas as aldeias de modo a se garantir água tratada e potável aos Povos Indígenas e a custos bastante acessíveis, completa o pesquisador da Codevasf.

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