O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou na noite de quarta-feira que seu país entrou em uma crise política, após as eleições legislativas vencidas com folga pela oposição, e disse que, caso não avance “pela via da revolução”, a Venezuela entrará em um conflito que afetará toda a região.
“Ou nós saímos desse atoleiro pela via da revolução ou a Venezuela entrará em um grande conflito que afetará toda a região latino-americana e caribenha. E eu não vou me render, vou combater”, disse Maduro durante uma concentração com centenas de partidários, diante do palácio de governo. “Estamos frente a uma crise política que pode derivar em duas coisas: ou deriva em uma contrarrevolução fascista ou em uma revolução renovada, radical, profunda, popular, rumo ao socialismo”, afirmou ele. “Não vamos entregar a revolução. Que o mundo saiba: na Venezuela não se vai entregar nem se render a revolução.”
Em declarações no mausoléu do falecido presidente Hugo Chávez, Maduro disse na véspera que lutaria contra a agenda dos líderes da oposição, que venceram com folga a disputa parlamentar do domingo. O presidente anunciou também que está em andamento uma investigação por suposto delito de compra de votos, sem dar detalhes.
Maduro prometeu rechaçar uma lei respaldada por líderes oposicionistas que liberaria ativistas contrários ao governo que estão presos. O rechaço seria em boa medida simbólico, porque na Venezuela as iniciativas do Legislativo podem se converter em lei mesmo caso o presidente não as aprove, desde que o Tribunal Supremo de Justiça não as considerem inconstitucionais.
O presidente prometeu reorganizar seu gabinete, após a primeira vitória oposicionista desde que Chávez lançou o movimento socialista, em 1998.
O presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, disse na quarta-feira que o Legislativo cumprirá plenamente suas funções até o último dia, o que inclui a designação de 12 novos juízes para o Tribunal Supremo de Justiça, antes que os líderes oposicionistas prestem juramento, em 5 de janeiro.
A oposição ameaça trabalhar pela queda de Maduro caso ele se negue a trabalhar em conjunto para resgatar o país de uma crise econômica