Crise financeira no Buriti. Criança fica sem creche e mãe abandona emprego
Publicado
emMarta Nobre
O descaso com a educação em Brasília – apontado como uma das causas que fez Cristovam Buarque rejeitar convite de Rodrigo Rollemberg para se filiar ao PSB – é maior do que imagina a vã filosofia.
O quadro se agravou nos últimos dias, com o anúncio de que não há dinheiro para repassar às creches conveniadas.
Como primeira consequência, a quase totalidade dessas instituições vai fechar as portas a partir desta segunda-feira, 22. Reflexo imediato: sem ter onde ou com quem deixar os filhos, muitas mães decidiram abandonar o emprego.
De 100, oito receberam – Falta gestão ao governo, afirmam administradores das creches que abrigam mais de 11 mil crianças em todo o Distrito Federal. O Palácio do Buriti joga a culpa nos cofres públicos, que estão vazios. E admite que, das cerca de 100 creches, apenas oito receberam dinheiro este ano.
– Não temos como pagar contas de luz e água. Também falta dinheiro para a alimentação das crianças. A situação é de calamidade e a solução que encontramos foi suspender os trabalhos, revelou um dirigente do Cepas – Conselho de Entidades de Promoção e Assistência Social.
Para se ter uma ideia da situação, existem faturas vencidas desde o ano passado, e que deveriam ser pagas na primeira semana de janeiro.
– Não sei que rumo tomar. Passei todo o ano (de 2015) na fila por uma vaga e agora que consegui, a creche vai fechar. Não vejo outra saída que não seja deixar de trabalhar, desabafou Daniele Pazini, vendedora autônoma, inconformada com a suspensão das atividades da creche Beija-Flor, em Taguatinga.
O inconformismo se espalha por outras cidades-satélites. No Cruzeiro Velho, a direção da creche São Vicente de Paulo anuncia a interrupção das atividades pela primeira vez em 20 anos. A creche atende 120 crianças e trabalha com 28 funcionários. E sem os repasses do governo, não pode pagar salários e fornecedores.
Na Asa Norte, a creche Cruz de Malta já informou aos pais que as aulas também serão suspensas a partir desta segunda. Com a decisão, 193 crianças deixarão de ser atendidas na unidade.