A crise econômica etá provocando uma correria à caderneta de poupança. Um exemplo está nos saques verificados no mês de maio, com retirada recorde de recursos.
Segundo dados do Banco Central, os saques superaram os depósitos no mês passado em R$ 3,199 bilhões. Trata-se do pior resultado para o mês desde o início da série histórica do BC, em 1995.
Foi também o quinto mês seguido em que a diferença entre saques e depósitos na poupança (chamada de captação líquida) ficou negativa. No acumulado do ano, o saldo é negativo em R$ 32,28 bilhões.
O número veio melhor do que o apresentado em abril, quando o resultado tinha sido negativo em R$ 5,85 bilhões. Porém, foi pior que o registrado em maio do ano passado, quando o resultado tinha sido positivo em R$ 2,27 bilhões.
A caderneta de poupança vem sofrendo desfalques porque as famílias estão apertadas com o endividamento e a inflação elevada. Além disso, com a taxa Selic mais alta, ela perde atratividade como investimento.
Cerca de 65% dos recursos investidos na poupança pelos brasileiros deve ser aplicados pelos bancos em financiamento imobiliário. Por isso, menos recursos na poupança significa mais dificuldade para financiar a casa própria.
A Caixa Econômica Federal, principal responsável por financiamentos imobiliários, com cerca de três quartos do mercado, tem elevado juros e apertado as condições de financiamento para a casa própria.
Com a queda de recursos na poupança, a Caixa tornou mais difícil financiar imóveis usados. O banco agora financia no máximo 50% do valor do imóvel usado de até R$ 750 mil; antes, financiava até 80% do imóvel. Para os imóveis acima de R$ 750 mil, o banco público reduziu o valor máximo de financiamento de 70% para 40%.