Cristian Viana encomendou o terno. Nada de paletó de prateleira ou ajuste de última hora. Feito sob medida, com caimento impecável, porque a posse merece cerimônia. Não se sabe ainda a que título, mas sabe-se que será. Isso basta. E o Entorno é a última hipótese, salvo em caso excepcional e temporário.
O alfaiate, velho mestre das artes do pano e do corte, talvez tenha estranhado a urgência. “Para depois do Carnaval, no mais tardar”, determinou o cliente. Porque em Brasília, as coisas costumam começar mesmo depois da Quarta-Feira de Cinzas, quando a realidade toma o lugar da folia e os gabinetes voltam a se iluminar de gravatas e discursos.
Cristian, presidente do Podemos no Distrito Federal, aguarda apenas a definição do rótulo. Educação, direitos humanos, cultura, esporte, inclusão social… Pastas que se cruzam, se confundem, se rebatizam conforme os ventos da política. Pode ser Justiça, pode ser uma secretaria com novo nome e velhas atribuições. Pode ser qualquer coisa, desde que tenha gabinete, equipe, caneta e agenda cheia.
A decisão foi selada em São Paulo, na semana passada, entre tapinhas nas costas e conversas ao pé do ouvido. Reuniram-se Renata Abreu, o Pastor Everaldo e o coordenador do programa Rumo Certo, Luiz França. A política exige peregrinação, e São Paulo, de tempos em tempos, torna-se Meca para quem busca bênçãos e confirmações.
Agora, basta aguardar o anúncio oficial e que o terno fique pronto. Entre fios nobres e costuras firmes, o alfaiate trabalha. Um bom traje requer medidas exatas, mas na política, muitas vezes, o que vale é saber ajustar o pano ao corpo da ocasião. Na lapela, um lanço estilizado lembrando uma mecha de juba loira, de felina.
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Marta Nobre é Editora Executiva de Notibras