Cristovam encara batalha pelo Planalto ao trocar PDT por PPS. Mas o Buriti, como fica?
Publicado
emKimberlly Oliveira e Felipe Meirelles
O cenário político de Brasília está de cabeça para baixo. Tudo por conta da decisão do senador Cristovam Buarque em trocar as fileiras do PDT pelo PPS, para entrar na batalha que se travará em torno da sucessão da presidente Dilma Rousseff.
Essa dança dos partidos abre uma lacuna na corrida interna para a sucessão de Rodrigo Rollemberg no Palácio do Buriti. Mas o ainda pedetista, educador carismático de mão cheia, vai arrastar muita gente com ele. E nessa esteira, com certeza, estará o nome que concorrerá ao Palácio do Buriti.
Pode ser gente nova, como também um velho correligionário de Roberto Freire, presidente da legenda. O senador Antônio Reguffe, que dará adeus ao brizolismo junto com Cristovam, acha que é cedo falar sobre um nome para concorrer ao Buriti. E promete, mesmo, ficar no Senado até 2022, quando se encerra seu mandato.
Analistas políticos entendem, porém, que o PPS não pode deixar o cavalo passar, sem que coloque alguém em sua garupa. É aí que surgem os nomes de Celina Leão, presidente da Câmara Legislativa, e da ex-distrital Eliana Pedrosa, que ensaiou disputar o governo em 2014, mas que, vetada por Roberto Freire, se contentou em tentar uma cadeira na Câmara dos Deputados.
– Celina não cogita disputar a cadeira de Rodrigo Rollemberg. Ao menos não em 2018, avisa um influente assessor da presidente do Legislativo brasiliense. Ele não descarta, contudo, a possibilidade de a deputada compor a chapa majoritária de olho em uma cadeira de senadora. Afinal, serão duas vagas em jogo. Além do próprio Cristovam, estará chegando ao fim o mandado de Hélio José.
A depender das alianças que venham a ser costuradas para 2018, Eliana Pedrosa, uma remanescente dos quadros do PPS e ferrenha adversária do PSB, pode mesmo aceitar uma eventual indicação da legenda e assumir a responsabilidade de derrotar os demais adversários.
Entretanto, pessoas próximas à ex-deputada sinalizam que Eliana só embarcará para uma disputa majoritária se seus novos aliados (no caso, Cristovam, Reguffe e Celina) construírem uma ampla coligação que inclua também partidos de centro-direita. Resumindo: ela gostaria de ter ao seu lado outros nomes de peso, a exemplo de Alberto Fraga, presidente regional do DEM.
– É isso ou nada, adverte sua assessoria, sublinhando que Eliana, sozinha, tem vaga garantia para distrital ou federal no próximo pleito. “Em canoa furada ela não vai entrar, por mais respeito que tenha aos futuros novos correligionários”, enfatiza outro interlocutor da ex-deputada.
Vai ou racha – Aos 71 anos, o senador reeleito pelo Distrito Federal tem uma longa e histórica caminhada pela capital da República O pernambucano Cristovam Buarque, que é engenheiro mecânico, economista, educador e professor universitário, já foi reitor da Universidade de Brasília – o primeiro reitor eleito pela comunidade universitária, após a ditadura militar.
Criador do Bolsa-Escola quando governou Brasília, Cristovam é sinônimo de governante que se preocupa com o social. Educação, formação profissional e futuro das crianças são as prioridades, que experimentou as urnas como presidenciável em 2006, logrando mais de 2 milhões 600 mil votos.
Cristovam sempre teve um forte viés na área da educação e da inclusão social, mas o que também marcou sua presença no cenário político foi quando se desligou do PT. “Eu não saí do PT, foi o PT que saiu de mim. Este é o grande crime do PT. O partido é de gente honesta, mas acomodada. A corrupção é de alguns petistas”, afirmou, antes de desembarcar no PDT, partido com o qual ele já possuía certa afinidade, desde que participou da campanha presidencial de Leonel Brizola em 1989.
Agora, 11 anos depois de ter se filiado ao PDT, Cristovam mostra o quão sérios se tornaram os problemas com a legenda, situações que aparentemente surgiram no final de 2015, com a decisão do presidente da legenda, Carlos, em dar carta branca para que o ex-ministro Ciro Gomes seja o candidato dos brizolistas à Presidência em 2018. Foi, sem dúvida, o estopim, da crise que culminou com as conversas com o PPS de Roberto Freire.
Como diz um velho partidário de Cristovam, “agora ou vai ou racha”, numa referência à nova caminhada do senador brasiliense com sotaque pernambucano. Resta saber se o PPS vai saber cavalgar o cavalo selado e escolher alguém de peso, seja Celina ou Eliana, para aproveitar a reconhecida influência do nome dele, como o de Reguffe, e colocar seus candidatos nos palácios erguidos nas duas extremidades do Eixo Monumental.