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Du e Dan, lembram?

Crônica do Foca e os aprendizes de vampiro

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Autor/Imagem:
Eduardo Martínez - Foto Produção Irene Araújo

Apesar de ser muito próximo ao jornalista, romancista, contista e cronista José Seabra, o Chefe, nosso maior baluarte aqui em Notibras, não raro, o danado me apronta uma e, quase sempre, as lágrimas descem. E não pense você que finjo ser por conta de cisco ou alergia, ainda mais porque, assim como Raul Seixas, sempre fui péssimo ator.

Pois é, não sei se você leu a última crônica do Chefe, que foi publicada na editoria Nordeste do Notibras no dia sete de março, cuja chamada é DU E DAN INDICAM A FOCA CAMINHO SEM TREVAS NA ZONA DA MATA NORDESTINA (https://www.notibras.com/site/du-e-dan-indicam-a-foca-caminho-sem-trevas-na-zona-da-mata-nordestina/). Os tais Du e Dan são dois morcegos, que aparecem de vez em sempre nas noites em Cabo de Santo Agostinho, Pernambuco, enquanto o Foca, braços direito e esquerdo do Chefe e nosso faz tudo aqui no jornal, trabalha em frente ao computador.

Segundo a crônica do Chefe, Du e Dan seriam tataranetos do Conde Drácula, mas não sei se estou disposto a acreditar nisso. No entanto, diria que até o Béla Lugosi, notório intérprete do mais famoso vampiro do cinema, sentiria certo regozijo se ficasse sabendo da história. Fico imaginando o lendário ator húngaro, com aquele rosto chupado de tanto sugar sangue das suas inúmeras vítimas, que não conseguiam ser ouvidas nos áureos tempos do cinema mudo, exclamando:

— Du e Dan não são meus tataranetos, mas meus filhos. Tem gente que diz que morri, mas não morri no dia 16 de agosto de 1956. Aquilo foi encenação. Ainda estou aqui!

Devaneios à parte, ‘Du e Dan’ foi uma grata surpresa que o Chefe fez não só para mim, como também pegou sem aviso o poeta e escritor Daniel Marchi, que divide comigo a editoria do Café Literário aqui no Notibras. Essas brincadeiras/homenagens são costumeiras conosco, pois, não raro, fazemos referências em nossos textos a pessoas que admiramos. Digo até que, para mim, é mais fácil mencionar e rasgar elogios aos dois, pois eles fazem parte do alicerce da minha trajetória na literatura.

O Chefe é um tipo bonachão, que gosta de trabalhar madrugada adentro. Seria ele um vampiro? Alguns dizem que são horários estranhos para gente normal. Normal? Creio que nenhum de nós daqui do Notibras pode ser qualificado como tal, ainda mais esse nosso irmão mais velho, com jeito de irmão do meio, pois é o mais inquieto da patota, como ele gosta de chamar a galera daqui. Eu, pelas distâncias das idades, fico no meio do caminho entre o Chefe e o Dan, que é o caçula do trio.

Aliás, o Dan não é apenas o mais novo, mas também o mais responsável da trupe, ainda mais quando está impecavelmente trajada de terno e gravata no calor de 40 graus da Cidade Maravilhosa a caminho do seu escritório de advocacia no Centro ou, então, ministrando suas aulas disputadíssimas entre os alunos do curso de Direito. Nem sei como é que ele consegue arrumar tempo para escrever contos, crônicas e poesias, quase sempre durante as madrugadas. Seria ele um vampiro também?

Não vou livrar a minha cara, pois também utilizo as madrugadas para escrever. Não é fácil ser escritor, já que são raros os que conseguem viver da sua arte. Todavia, insistir nessa vida literária, apesar das tantas pedras de Drummond espalhadas pelos caminhos tortuosos, é algo inexplicavelmente gratificante. Afinal, como disse Fernando Pessoa, tudo vale a pena, se a alma não é pequena.

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Eduardo Martínez é autor do livro 57 Contos e Crônicas por um Autor Muito Velho’

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