A minha relação com a literatura começou bem antes de eu escrever meu primeiro romance, “Despido de ilusões”, no final de 2003. De lá para cá, fiquei mais ou menos próximo dessa arte, até que o José Seabra, editor do Notibras, me convidou para publicar uma crônica ou um conto de vez em quando. Diante dessa proposta mais que tentadora, aceitei na hora.
Não demorou, o Seabra me perguntou se eu não poderia passar a escrever diariamente para o jornal, pois as crônicas estavam sendo muito lidas. A princípio, me deu um frio na barriga, já que firmar o compromisso de entreter o leitor todos os dias é algo complicado, ainda mais para mim, que tenho uma vida muito corrida. Entretanto, a minha esposa, a famosa Dona Irene, acabou me convencendo de que eu deveria aceitar: “Dudu, ou você aceita a proposta ou, então, vai dormir no sofá!”
A partir de então, acabei sendo agraciado com alguns prêmios, o que me deixou muito feliz. Mas nada, nada mesmo, me fez ficar tão entusiasmado como saber que meus textos estavam sendo utilizados por alguns professores, em especial por um em Brasília, o Leandro Mendes. Gente, o que é isso? Querem mesmo me matar do coração!
O professor Leandro, ainda por cima, me fez um convite irrecusável. Pois é, ele me chamou para um bate-papo com seus alunos. Isso acabou se concretizando no dia 09/11/2022, quando senti minhas pernas tremerem mais do que batedor de pênalti em final de campeonato. Não resta dúvida de que aquele foi meu dia de Machado de Assis.
Após esse encontro, mantive contato constante com o Leandro, que sempre me mantém informado sobre as atividades em classe de aula, muitas vezes utilizando meus contos e crônicas. Ele me fala que propõe tarefas baseadas nos meus escritos. Isso, consequentemente, tem despertado o interesse dos alunos por literatura e outras artes, por exemplo, o teatro.
Acredite ou não, o Leandro me mandou uma mensagem há algum tempo sobre o texto “Almerinda, a emprega doméstica”, que, por sinal, foi o primeiro a ser publicado pelo Notibras. Ele me disse que os alunos haviam ensaiado uma peça de teatro e queriam me mostrar. Fiquei sem chão! Pois é, olha aí o jornalismo contribuindo com a educação.
Diante de tantas notícias maravilhosas, combinei com o Leandro mais um bate-papo com seus alunos no próximo novembro. Ele me contou que a garotada está ansiosa, mas que a maioria não acredita que irei, como se fosse um sonho impossível. Mal sabem esses jovens que ansioso estou eu. Ademais, esse sonho quero reviver outra vez com esses estudantes incríveis.
E aqui estou em Porto Alegre, diante da minha mulher. Ela, com o sorriso mais lindo do mundo, acabou de me dizer: “Tá vendo, Dudu, como eu estava certa?”