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Cuidado, menina. Apertar o cabelo vai deixar você careca ligeirinho como o Kojak

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A top model Naomi Campbell talvez seja a portadora mais famosa da alopecia por tração, uma disfunção que se caracteriza pela calvície em certos pontos do couro cabeludo e, como o nome sugere, é causada pela tração exagerada dos fios. Rabos de cavalo, tranças e outros penteados nos quais o cabelo é muito repuxado (e mantido assim por períodos prolongados), ou mesmo alongamentos, podem causar danos irreversíveis no couro cabeludo.

“Esse repuxo crônico provoca uma inflamação. Com o tempo, surgem pequenas cicatrizes na raiz, que deixa de existir. Assim, não nascem mais pelos naquele local”, explica o dermatologista e tricologista paulista Ademir Jr., em matéria do Uol assinada por Carol Salles. A alopecia por tração costuma aparecer especialmente em torno da face, na região onde começa o couro cabeludo. E, embora acometa homens e mulheres de qualquer etnia, é mais comum em negras. “Cabelos afro são mais propensos pois têm uma estrutura folicular mais frágil. Os fios são mais finos e sensíveis aos efeitos da tração crônica”, explica o médico.

Uma vez instalada, a alopecia dificilmente pode ser revertida. “É possível conseguir que algum folículo que ainda não tenha sido totalmente danificado volte à atividade. Mas, geralmente, a maioria deles vira uma cicatriz, e nesses casos é impossível que voltem a funcionar”, completa o médico.

Ainda assim, existem tratamentos que podem ser realizados em consultório. “Costumo indicar xampus à base de queratina (que fortalece o fio), loções manipuladas para estimular o crescimento e ainda a intradermoterapia, isto é, injeções de determinadas substâncias no couro cabeludo, que visam estimular a produção de pelos”, explica o dermatologista João Carlos Pereira, de São José do Rio Preto (SP), especialista em transplante capilar.

Lasers de baixa potência também podem ser usados, assim como antiinflamatórios tópicos e vitaminas. No entanto, os especialistas concordam que, quando se fala em alopecia de tração, o melhor tratamento é a prevenção. “No caso de tranças afro, por exemplo, o ideal é tração moderada, retocar a cada três meses e um tempo de pausa. Além disso, fazer tratamentos que fortaleçam a raiz e hidratem o couro cabeludo também ajudam”, indica o cabeleireiro Wilson Farias, do salão Etnic, em São Paulo.

Alongamentos também exigem cuidados. “A escolha de um profissional competente e experiente é muito importante, pois é ele que vai avaliar o fio e a saúde do couro cabeludo”, diz a tricologista Viviane Zenato, da clínica Recuperallis, em Caxias do Sul (RS). Por fim, o cabeleireiro e terapeuta capilar Pietro Trindade também recomenda cautela e parcimônia no uso de aparelhos como a chapinha, secadores profissionais e escovas, especialmente as rotativas. “O calor, além da tração exagerada, também pode causar danos no couro cabeludo”, alerta.

Leia depoimentos – “Eu nasci com displasia ectodérmica e, por isso, meu cabelo sempre foi curto e ralo. Em 1997 resolvi experimentar um aplique do tipo tic-tac. Usei ao longo de 11 anos. E nesse período todo ele foi tracionando e abrindo espaços no couro cabeludo. Quando vi que não tinha mais cabelo para prender o aplique, eu realmente fiquei desesperada. Fiz tratamento com dermatologista, mas sem grandes resultados. Há um ano e meio, no entanto, comecei um outro tratamento, com uma tricologista, e estou bastante satisfeita. Faço aplicações de laser, injeções no couro e loções. Além disso, substituí o aplique por faixas. Várias falhas já foram preenchidas, tenho fios novos que estão engrossando e acho que meu cabelo vai crescer”. (Ione Barp Viecceli, 47 anos)

“Durante dois anos, usei trança nagô. Tirava uma e fazia outra. Mas, por conta da dor de cabeça constante, parti para a progressiva. Nessa época, também usava muito rabo-de-cavalo bem apertado. Inclusive dormia com o penteado. Isso durou uns cinco anos. Meu cabelo ficou muito fraco e quebradiço. Mas só percebi que tinha grandes falhas quando as pessoas começaram a falar. Um dia, sentei na frente de um espelho e minha irmã segurou outro espelho atrás, para eu ver como estava. Fiquei em choque. Procurei um dermatologista, que me passou remédios manipulados para passar na cabeça. Tive uma pequena melhora, mas continuo em tratamento, pois a calvície é muito nítida ainda.” (Denice dos Anjos, 27 anos)

“Minha alopecia começou há 10 anos, quando fui morar na Austrália. Pela dificuldade em encontrar produtos para cuidar do meu cabelo, tive a ideia de colocar alongamento tipo tic-tac. Usei todos os dias, o tempo todo, durante dois anos. Mas, quando voltei ao Brasil e fui ao cabeleireiro, ele falou que meu caso estava grave e tirou o alongamento na hora. Hoje, apesar de já ter feito tratamento com dermatologista, os buracos no couro cabeludo continuam. Como ficam numa região acima da orelha, consigo disfarçar com o próprio cabelo. Ainda uso alongamento de tic-tac, mas da maneira correta. Não durmo com ele, não vou à piscina e não tive mais problemas”. (Thais Maria Santos Cozza, 33 anos)

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