Em nossa sociedade ocidental damos destaque para as pessoas que se expressam, que falam e que se comunicam de maneira veemente. Para nossa cultura o barulho tende a atrair mais do que o silêncio. Estamos sempre em movimento e sempre fazendo ações que produzem sons e que não nos deixam silenciar.
Na contramão disso, o Oriente sempre nos trouxe a importância do silêncio. Não apenas o Oriente mas a própria psicologia e a psicanálise nos falam que o mais importante é escutarmos em silêncio.
Mas no que o silêncio nos ajuda? Como ele pode se tornar uma importante ferramenta para andarmos melhor neste mundo e em nossa sociedade, que cultiva o movimento e o barulho? Essas são questões que pretendo responder neste texto.
Os benefícios de silenciar
Quando falo de silêncio, não me refiro a ficar calado. A não se pronunciar. Refiro-me a ter cuidado com a fala. A dar importância a tudo que dizemos e a sermos reflexivos em nossas falas. Isso faz com que nossas ações não sejam levadas pelo impulso e teremos assim mais assertividade em nossa fala.
O silêncio não é da fala, mas da mente. Precisamos aprender a silenciar a mente para ouvir o outro no mundo dele, para dar espaço interno para aprender com as pessoas e com as coisas externas. Se estivermos ocupados com nosso próprio pensamento e com o nosso barulho, não seremos capazes de ouvir os outros nem os ensinamentos que a vida nos traz. Além disso, ser silencioso na mente propicia falar com o coração. Diminuir a racionalidade para dar voz a nossas emoções. Não para falar delas para os outros mas sim para podermos escutá-las e tratá-las.
Muitas vezes abafamos nosso coração com barulhos e distrações. Sentamos na frente de computador, televisão. Distraímos nossa mente para não enfrentar a realidade que nos acomete. Preferimos os sons que nos tiram a atenção do momento presente ao silêncio que faz nossa mente voltar no aqui e no agora.
Quando silenciamos, saímos da loucura e da correria de nosso cotidiano. Entramos em outro tipo de vibração. Vibramos na quietude. Na quietude temos a possibilidade de ouvir, de sentir e de perceber os outros seres. É algo maravilhoso cultivarmos essa abertura e espaço interno. Se temos espaço interno, cultivado pelo silêncio interior, podemos acolher as pessoas e ouvir o que elas têm a dizer. Caso contrário, ficaremos pensando em como devemos responder o que elas nos dizem e como devemos agir. Se há barulho interno, não há espaço para escuta.
Como cultivar o silêncio
Reserve um tempo para você ficar em silêncio e perceba o barulho que sua mente produz. Antes de silenciar, devemos contemplar nosso barulho interno. Estamos tão viciados nas distrações externas que não percebemos os barulhos internos que nos distraem de nossas emoções e de nossa sabedoria interna. Ao ficarmos em silêncio, iremos aos poucos nos acostumarmos a ouvir o barulho de nossa mente e depois o silêncio que podemos produzir.
Meditar é também uma forma de praticar. Assim como a parte contemplativa, podemos ver que no primeiro momento, ao meditarmos, percebemos o quanto nossa mente é uma confusão. Com o avançar na prática, vemos que podemos arrumar tal bagunça.
É como uma água turva que ao ficar quieta começa a ficar translúcida.
Comece a praticar seu silêncio. De maneira geral, todos nós praticamos o barulho.
Por que não começar a fazer algo diferente?