Rica de simbolismos e técnicas, a cultura indígena sempre marcou presença na arquitetura e nas artes plásticas brasileiras e, como não poderia deixar de ser, também no cenário do design e da decoração.
“Essas produções étnicas sinalizam um uso mais inteligente dos recursos que a natureza oferece, além de maneiras mais artesanais e menos agressivas de se trabalhar a madeira, fazer entalhes e colorir com pigmentos. Temos que ter a cabeça mais aberta para absorver essa cultura”, afirma o designer de interiores Bruno Rangel, que acaba de lançar uma linha de móveis para a Dpot, inspirada nas pinturas corporais de índios brasileiros.
Batizada de Pinhim, trata-se da primeira coleção produzida em série por Rangel, que também é sócio do escritório Yamagata Arquitetura.
Outro exemplo recente e bem-sucedido na exploração da diversidade cultural do indígena pode ser atestado no espaço do arquiteto francês Jean de Just, na atual edição da Casacor: uma sala de recepção para um banheiro público, que exibe um biombo pintado por um índio brasileiro. “Me surpreende que isso ainda provoque surpresa. Escuto que só um gringo para trazer essa produção para o dia a dia”, comenta ele. “Como estrangeiro penso ter maior facilidade de captar uma cultura separada da identidade brasileira”, diz.
Para quem, como eles, quer conhecer melhor essa produção, a exposição Bancos Indígenas, em cartaz no Pavilhão Japonês do Parque do Ibirapuera até o dia 5 de agosto, é uma boa pedida. São cerca de 70 peças, produzidas por povos de várias regiões do alto e baixo Xingu, sul da Amazônia, Centro-Oeste, norte do Pará, Guianas e noroeste amazônico. Mas corra. No segundo semestre a coleção embarca para Tóquio, onde dá início à sua turnê internacional.