Em tempos de distanciamento social, a cultura popular, constituída por manifestações cuja aglomeração é uma de suas principais características, precisou se reinventar, se reestruturar e criar novos caminhos para continuar existindo e resistindo, como, aliás, sempre o fez. É nesse contexto que surge o projeto intitulado “Ocupação Horizontal do Complexo Cultural Planaltina”.
Idealizado para oferecer oficinas presenciais com mestres e mestras da cultura popular do DF e de outros cantos do País, o projeto inova e agora ocupa a web com os saberes e fazeres desses grandes professores. A partir de 14 de agosto, todas as sextas-feiras, às 17h, no canal da Ocupação Horizontal, um novo vídeo será disponibilizado gratuitamente.
Os alunos que tiverem interesse em garantir um certificado de participação podem adquiri-lo preenchendo o formulário. O documento será entregue em até uma semana após a disponibilização da oficina e ficará aberto até a segunda-feira após a exibição da aula, assim quem assistir e ainda quiser garantir o comprovante de participação terá tempo!
Expressões, mestres e mestras, ritmos como o Tambor de Crioula, Maracatu Nação, Coco de Roda, entre outros que compõem culturas de matrizes africanas e indígenas e estão presentes em diversos cantos do Brasil, serão tema das oficinas. No DF, unidade da federação conhecida por sua diversidade, há um pouquinho de cada uma dessas expressões. Foi no quadradinho que nasceu o tradicional “Seu Estrelo e o Fuá do Terreiro”. Aqui também a pernambucana Martinha do Coco se consolidou como Mestra de Cultura Popular, mesclando ritmos da terra onde nasceu e cresceu com elementos da cultura local e da sua vivência no Cerrado.
Além de Martinha, outros nomes como o da cantora e percussionista, Nãnan Matos, o do Arte-Educador Mário Jorge, o de Mestre Chico Macedo junto com o Mestre Barrabás, o de Tico Magalhães e o da pandeirista Larissa Umaytá estão no projeto.
Para o idealizador e coordenador Rodrigo Werneck, as oficinas em formato virtual são uma oportunidade de alcançar e difundir a cultura popular para um público ainda maior.
“As nossas expectativas são as melhores possíveis, as aulas de capacitação estão ficando lindas. Queremos que muitas pessoas tenham acesso a esse conteúdo. Apesar do contexto que estamos vivendo, estamos nos dedicando e fazendo o máximo para executar esse trabalho com toda segurança possível e protegendo todos os envolvidos”, ressalta.
Para abrir o projeto, a primeira oficina não foi escolhida por acaso e será ministrada por Larissa Umaytá, pandeirista e referência candanga quando o assunto é Pandeiro Popular. De acordo com a percussionista, criada no berço da cultura popular com o Bumba Meu Boi de Seu Teodoro, seu avô, a oficina vai apresentar a versatilidade do instrumento.
“O pandeiro é um instrumento muito popular tem uma característica muito forte dentro da cultura brasileira, está presente no samba, no choro, no forró e no baião. Podemos colocar ele em todos os ritmos que a gente quiser e puder. É um instrumento pequeno, mas com uma grandeza incrível. Temos inúmeras possibilidades rítmicas, sonoras e musicais onde o pandeiro pode ser inserido. A oficina de pandeiro popular vai mostrar isso. ”
Cultura e inclusão social
O produtor cultural Thiago Fanis, responsável pela produção de diversos projetos no DF, está no time de oficineiros da Ocupação Horizontal. Ele vai compartilhar um pouco de sua experiência em todos os processos de produção cultural: concepção, execução até a prestação de contas. A inclusão social também fará parte do projeto. Uma oficina intitulada de “Tradução de Libras na Cultura Popular”, será comandada por Virgílio Soares. O tradutor se destaca pela energia empregada em suas traduções, interagindo diretamente com as apresentações.