O candidato do PMDB à presidência da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (RJ), considera inevitável a abertura de uma nova CPMI da Petrobras no Congresso em 2015 se forem disponibilizados os depoimentos em delação premiada do ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef.
O deputado criticou a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre a estatal, encerrada nesta semana, cujo relatório final apresentado pelo relator Marco Maia (PT-RS) não pediu o indiciamento de nenhum político entre as 52 pessoas citadas, incluindo apenas executivos de empresas, empreiteiras e da própria Petrobras.
“A CPMI morreu no dia em que foi divulgado que as delações premiadas existiam, mas que seu conteúdo não era do nosso conhecimento”, disse ele a jornalistas em almoço organizado pelo PMDB fluminense para apoiar a candidatura dele à presidência da Câmara. “No momento que as delações premiadas, seu conteúdo, sejam de conhecimento, acredito que será inevitável uma nova CPMI. Se não, seria uma outra CPI tão morta quanto essa”, acrescentou.
Cunha evitou antecipar sua posição, como eventual presidente da Casa, sobre o suposto envolvimento de parlamentares no escândalo da Petrobras. Ele afirmou que não cabe ao presidente da Câmara “defender nem atacar” a cassação.
Para o líder do PMDB na Câmara, as denúncias que cercam a Petrobras vão estar bastante presentes na legislatura de 2015 no Congresso. “Essa pauta da Petrobras está dominando o país, e o que domina o país vai acabar tendo relevância no Parlamento. Isso é inevitável”, disse.
Questionado se temia que a revelação da lista com os nomes de parlamentares supostamente envolvidos no esquema ilegal da Petrobras poderia afetar sua candidatura, Cunha disse que não. “Se fosse assim, teria complicado a candidatura do PT, porque parece que tem mais petista lá dentro”, afirmou.
O jornal O Estado de S. Paulo publicou reportagem nesta sexta-feira afirmando que o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa citou, em depoimentos sob acordo de delação premiada, os nomes de 28 políticos envolvidos no suposto esquema.
Segundo a reportagem, a lista do ex-diretor inclui políticos do PT, PMDB, PP, PSB e PSDB. O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) e o ex-ministro petista Antonio Palocci.
Cunha declarou ter o apoio de 167 deputados à sua candidatura e disse que espera aumentar as alianças até a escolha no novo presidente da Câmara. O deputado declarou que já conta com apoio do PSC, PTB, Solidariedade e negocia com PP, PSD e PR.
Se eleito, Cunha afirmou que vai priorizar o respeito ao regimento da Casa e a autonomia e a independência do Legislativo. Ele aproveitou para atacar os adversários na disputa pela presidência da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP) e Júlio Delgado (PSB-MG).
“Não tem bravata de oposição, ou seja, defender bandeira política sentado na cadeira, e, nem tem essa de ir lá e fazer aquilo que o governo quer”, afirmou Cunha.
Em discurso mais cedo, o deputado acusou Chinaglia de ser a representação da submissão no Congresso e Delgado de tentar criar um terceiro turno eleitoral à frente da Câmara dos Deputados.
“No campo político, Chinaglia representa o PT e a submissão ao governo, e o Júlio… quer um palanque político e fazer da Câmara um palanque para o terceiro turno eleitoral”, afirmou.