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Cunha se irrita, ataca PT após buscas e vê uma conspiração contra ele e cúpula do PMDB

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Marcos Albuquerque, com Agências

Há um clima político estranho em Brasília, e os ventos contra o PMDB começam a soprar com força vindo do PT. Esse o entendimento do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ao afirmar nesta terça-feira, 15, que é estranho o fato de a Polícia Federal ter feito busca e apreensão em endereços ligados da ele, inclusive na residência oficial da Casa que ele ocupa, na Operação Catilinárias, nova fase da da Lava Jato..

Em entrevista coletiva, Cunha disse não ter problema em ser alvo de investigações da PF, mas disse considerar estranho “o contexto”, “o dia” e os “objetivos” da nova fase da Operação. Ele também voltou a dizer que os alvos principais das operações da polícia até agora são “só aqueles que não são do PT”.

O presidente da Câmara insistiu em mirar o partido da presidente Dilma Rousseff. “O estranho é o contexto, o dia e os objetivos. Não parece que ninguém do PT é sujeito a algum tipo de operação”, declarou.

“No dia que vai ter [a sessão] o Conselho de Ética, às vésperas da decisão do processo de impeachment [pelo STF], e de repente deflagram uma operação de uma forma um pouco estranha”, disse Cunha.

“O governo quer desviar a mídia do processo de impeachment e querer a colocar no PMDB e em mim a situação do assalto à Petrobras, que foi praticado pelo PT e por membros do governo”, afirmou. Segundo o deputado, o prazo para apresentar sua defesa no inquérito que deu origem às buscas vence nesta sexta-feira (18).

Cunha também criticou a transcrição de uma das delações premiadas da Lava Jato que indicam a participação dele no esquema. Segundo o deputado, a transcrição do depoimento que consta no processo contra ele não corresponde ao teor do depoimento gravado em vídeo ao qual seus advogados tiveram acesso.

“A transcrição que foi feita do vídeo da delação é criminosa, porque não retrata o que está no vídeo”, disse.

“Estranho profundamente essa concentração no PMDB [entre os alvos da busca]”, afirmou em entrevista coletiva em Brasília em que também se declarou “desafeto do governo”. Ele negou ainda que pretenda renunciar ao cargo de presidente da Câmara e se disse “absolutamente inocente”.

A Polícia Federal faz nesta terça-feira, por ordem do STF operação de busca e apreensão em endereços de Eduardo Cunha, em Brasília e no Rio. O deputado é acusado por corrupção e lavagem de dinheiro pela Procuradoria-Geral da República, nas investigações da Lava Jato.

A operação desta terça-feira também teve como alvos, entre outros, os ministros da Ciência e Tecnologia, Celso Pansera, e do Turismo, Henrique Eduardo Alves, ambos do PMDB, os senadores Edison Lobão (PMDB-MA) e Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE), os deputados Aníbal Gomes (PMDB-CE) e Áureo Lídio (SD-RJ), o prefeito de Nova Iguaçu, Nelson Bornier (PMDB-RJ), o ex-vice-presidente da Caixa Econômica Federal, Fábio Cleto (aliado de Cunha e exonerado na semana passada pela presidente Dilma), Aldo Guedes – ex-sócio de Eduardo Campos -, Lúcio Bolonha Funaro – delator do Mensalão -, Altair Alves Pinto – emissário de propina de Cunha, segundo os investigadores – e o ex-presidente da Transpetro Sergio Machado.

Também nesta terça, o Conselho de Ética aprovou o relatório prévio do deputado Marcos Rogério (PDT-RO) que pede a continuidade do processo por quebra de decoro parlamentar contra o presidente da Câmara. A admissibilidade foi aprovada, em votação no painel, por 11 votos favoráveis e nove contrários.

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