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Currículo pode até ser bom, mas na hora do emprego a tatuagem suja e apaga vaga

Rene Moreira

A publicação de uma mensagem nas redes sociais por parte do PAT (Posto de Atendimento ao Trabalhador) de Rio Claro (SP) levantou debate e gerou reclamações. Ela expõe a dificuldade de conseguir emprego para quem tem tatuagem, usa piercing ou outros objetos no corpo.

A postagem feita no fim de semana traz a foto de uma pessoa com tatuagens e piercings, e a seguinte mensagem: “Fui no PAT, fiz cadastro, não fui chamado até hoje e não sei o porquê”. Diante da polêmica, a publicação foi retirada e outra foi publicada com um pedido de desculpas.

Em nota, o PAT alega que “a postagem apenas teve a intenção de alertar os candidatos a vagas de empregos das dificuldades de contratação por algumas empresas de pessoas que possuem piercings e tatuagens exageradas na hora da entrevista”.

O órgão argumenta ainda que a mensagem inicial era “apenas um serviço de alerta e utilidade pública ao cidadão”. Mesmo com as desculpas, não faltaram críticas e reclamações por parte de dezenas de pessoas e instituições, que postaram reclamações na internet.

Para Thiago Soares, do GESMC (Grupo de Estudos Sobre Modificações Corporais), o PAT errou na primeira e na segunda publicação. “Vocês deixaram claro que não é um pedido de desculpa, afinal de contas nós é que estamos errados pela interpretação que fizemos”, falou.

Ele criticou ainda a citação de Santo Agostinho. “Nós não somos iguais em nada e é através das diferenças que pessoas são exterminadas todos os dias. A postura de vocês é exatamente sobre isso, extermínio daquilo que dentro da realidade fechada e pequena de vocês, é o diferente”.

O GESMC, que é uma entidade de abrangência nacional, e a Frrk Guys – instituição internacional com a mesma finalidade, publicaram uma nota de repúdio à postagem. As instituições alegam que a atitude foi “desrespeitosa e carregada de preconceito” e que faz entender que o serviço do Posto de Atendimento ao Trabalhador “não contempla todas as pessoas”.

Muitos moradores da cidade também postaram manifestações sobre a polêmica. Para Pedro Holanda, pela aparência não se julga um ser humano. “Garanto que a capacidade e desenvoltura vêm em primeiro lugar”.

Algumas pessoas defenderam o PAT: “O preconceito é das empresas que não respeitam o jeito de ser das pessoas… Observam desde um brinco até ser gorda ou magra demais”, comentou Jucinéia Nardon Spada.

“Eu é que não me gastaria tentando trabalhar em um lugar que pensa dessa forma, prefiro trabalhar para empresa que contrata por capacitação e qualidade”, falou Renata Miranda.

Já André de Andrade Kolya deu uma sugestão para o PAT: “A única forma de se retratar agora é fazer uma campanha para conscientizar as empresas”.

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