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Curso de extensão da UnB quer acabar com violência contra mulher no campus

A Universidade de Brasília e a Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres se uniram para oferecer à comunidade o curso de extensão “Investigação, processo e julgamento de mortes violentas de mulheres com a perspectiva de gênero”.

Com 12 encontros, o curso começou no dia 8 de outubro e possui 60 horas de conteúdo destinado a capacitar estudantes e profissionais como policiais civis e militares, bombeiros, agentes de saúde, delegados, promotores de justiça, juízes e servidores na aplicação das diretrizes nacionais para investigar, processar e julgar as mortes violentas de mulheres, conhecidas hoje como feminicídios.

“Queremos sensibilizá-los para a abordagem de gênero, interseccional e multidisciplinar requerida para uma resposta eficaz do Estado na apuração e responsabilização criminal dos acusados de feminicídio”, afirma a representante do Escritório da ONU Mulheres no Brasil, Nadine Gasman. Ela ressalta que a parceria firmada com a UnB tem o objetivo comum de acabar com a violência contra as mulheres, dentro e fora do campus.

Nadine Gasman lembra que as universidades brasileiras ainda enfrentam o desafio de eliminar preconceitos e violências de gênero, raça e etnia em seus campi, por isso é de extrema importância garantir que haja instrumentos de sensibilização e de promoção da igualdade para alunos, professores, diretores e funcionários da UnB. “Para a ONU Mulheres, parcerias como essa, com a Universidade de Brasília, são decisivas para fechar as lacunas de gênero num pacto que implica transformações concretas nas relações de mulheres e homens, meninas e meninos nos próximos 15 anos”, projeta.

A professora da Faculdade de Direito (FD) da Universidade de Brasília e vice-procuradora geral da República, Ela Wiecko, lidera o Grupo Candango de Criminologia na FD e, agora, será também a coordenadora do curso de extensão. Ela explica que as aulas visam tornar conhecidas as diretrizes que surgiram após a promulgação da lei que qualifica o feminicídio como crime hediondo, e treinar as pessoas para praticar e concretizar essas diretrizes.

“Esse termo significa o compromisso da UnB por uma bandeira de promoção da igualdade de gênero, que está embutida com outras igualdades que devem ser perseguidas, como a igualdade de raça. É uma alegria saber que a Universidade está assumindo essa bandeira”, diz a docente.

A decana de Assuntos Comunitários, Denise Bomtempo, reforça que o DAC tem espaços voltados para diversidade, gênero, direitos das mulheres, entre outros. “Faz parte da nossa missão institucional combater qualquer tipo de violência contra mulheres, gênero, raça, etnia. É dentro dessa missão que a UnB apoia não só a assinatura do memorando com a ONU Mulheres, mas, principalmente, outras ações que serão promovidas pelo decanato com a comunidade universitária”, explica Denise Bomtempo.

O reitor Ivan Camargo afirma que a parceria é um importante instrumento para a instituição. “Não podemos permitir, sob hipótese nenhuma, as ações de violência contra a mulher. Precisamos contar com o auxílio de pessoas capacitadas e especializadas no combate a essas ações gratuitas com a qual convivemos. Quero deixar claro o compromisso institucional da UnB nessa batalha. É uma luta que temos que fazer juntos e é a forma que a Universidade tem de aprender e de ensinar”, acredita Camargo.

ELESPORELAS – O curso de extensão “Investigação, processo e julgamento de mortes violentas de mulheres com a perspectiva de gênero”, realizado na Fundação Memorial Darcy Ribeiro, é vinculado às ações de promoção do movimento ElesPorElas (HeForShe, em inglês) na UnB. Essa é uma campanha lançada em 2013 pela ONU Mulheres para que homens e meninos se formem e se sensibilizem para a promoção de igualdade de gênero, em proteção a mulheres e meninas.

O curso na UnB é uma parceria entre a ONU Mulheres e o Grupo Candango de Criminologia, da Faculdade de Direito, com a participação do Grupo de Estudos de Gênero e Psicologia Clínica (do Instituto de Psicologia), e do Núcleo de Estudo e Pesquisa Sobre a Mulher (do Departamento de Sociologia).

Marcela D´Alessandro

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