Ganhando vida
Curta-metragem inspira-se em texto do Face passa mensagem de amor
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emEm 5 de julho de 2016, a blogueira e escritora espanhola Jéssica Gómez publicava o texto Querida Garota de Maiô Verde, uma carta sobre autoestima, aceitação e amor próprio. As mais de 168 mil curtidas e 172 mil compartilhamentos ilustram o sucesso do texto, que chegou ao Brasil e ganhou uma interpretação emocionante.
Em formato de curta-metragem, Ser o que se é foi produzido pela Maria Farinha Filmes, a convite da Natura e da Agência África. Na trama, as atrizes Alana Oliveira e Martha Nowill dão vida a duas mulheres. A primeira é adolescente e representa uma fase de descobertas, enquanto a segunda já é uma mulher madura e que acumula aprendizados. Ambas se encontram na praia, cenário onde se inicia um diálogo mental inspirador.
“Lembro que no começo da minha adolescência, eu fui a última menina das minhas amigas a começar a desenvolver um corpo de mulher e isso me incomodava muito, porque eu era sempre a pequena, a ‘bebê’”, relata Alana. O texto de Jéssica ilustra bem essa fase da vida, na qual as meninas, principalmente, sentem-se obrigadas a ter um corpo esbelto. “É importante trazer essa discussão, porque temos uma indústria estética muito cruel”, pontua.
A mesma reflexão sobre o corpo também passa pela cabeça de Martha, a colega de elenco que interpreta a mulher madura. “Comecei a trabalhar com 18 anos e estou com 37. Me cuido muito, mas nunca tive um corpo padrão e nunca terei. Lido com a questão da auto imagem o tempo todo trabalhando com o audiovisual e é um processo contínuo de transcendência e auto aceitação”, complementa.
Natural de Gijón, na Espanha, Jéssica tem 32 anos, é mãe de três crianças e se dedica a conscientização sobre nossa percepção acerca do corpo. Enfrentou problemas de autoestima durante a adolescência, mas explica que a desconstrução não veio da noite para o dia: “É um processo de aprendizagem que, pelo menos para mim, veio ao longo dos anos. Eu gostaria de ter aprendido isso antes”.
Foi pelo mesmo motivo que escreveu seu texto de maior sucesso, Querida Garota de Maiô Verde. “Um dia eu estava na praia com meus filhos e vi aquela garota no grupo de jovens ao meu lado. Eu achei triste, mas lindo. Eu queria lhe dizer muitas coisas, tinha que deixar sair de alguma forma, e fiz como sei: escrevi uma carta para ela, mesmo sabendo que nunca chegaria a ler”, relata.
A repercussão positiva foi uma surpresa para a escritora. Ela conta que achou o texto muito longo e estava prestes a deletá-lo, mas viu um amigo compartilhando e acabou deixando-o lá. Naquele mesmo dia, a publicação chegou aos oito mil compartilhamentos no Facebook e simbolizou o início de uma nova fase em sua carreira. Hoje, ela relembra com emoção: “Eu nunca imaginei isso, ainda não acredito onde me trouxe. Vivemos um tempo maravilhoso: vinte anos atrás, isso não teria saído da gaveta da minha escrivaninha”.
Com o curta-metragem, seu texto alcançou ainda mais pessoas e segue levando sua mensagem de empoderamento. “Quando a Natura me contou, fiquei fascinada. Eu já conhecia a Maria Farinha e adorei a ideia porque é um produtor muito na minha linha filosófica, partilhamos valores e ideais muito profundamente. Usar o texto para um curta foi uma verdadeira honra para mim”, disse.