Algo de estranho e podre está acontecendo no reino das finanças do Distrito Federal. O atrevimento em parafrasear Shakespeare se deve ao “hameleteano” contexto que passeia pelos corredores mais escuros do poder distrital.
Há dados em jogo – expostos, arquivados e também sendo jogados. E de Hamlet para cá, transporta-se diretamente da Dinamarca quase tudo. Tirando incesto, tem espaço para traição e vingança política; corrupção; e, imoralidade administrativa.
Diante de tantos dados que exalam o perfume das araucárias, depara-se com o quadro de um governador vivendo uma situação no mínimo sui generis. Perguntas são postas na mesa, sem blefe. E como não se trata de um labirinto, merecem uma saída. Faltam respostas a muitos questionamentos.
Voltando ao cenário traçado para a figura do príncipe dinamarquês (traição, vingança, corrupção e imoralidade administrativa), com nuances de um outro príncipe (no caso, o de Maquiavel), tenta-se entender o por que de André, O Benigno, colaborador de Ibaneis Rocha, manter uma relação de proximidade com uma das figuras mais enigmáticas do submundo da política local.
Já sendo chamado de eminência parda no reino brasiliense das finanças, Fábio Criativo, O Gordo, remanescente da era Arruda, ressurge das profundezas para ganhar espaço nas decisões de Estado, notadamente no que diz respeito ao que se paga ou que tem o pagamento postergado.
Na curta viagem entre a Praça do Buriti e o Vale do Rio Doce, o tempo passa lento como uma viagem de carruagem de Copenhague a Florença. Porém, apesar de todo o período de ócio para refletirem sobre o passado, nem assim os passageiros mudam. E mesmo tendo sido pegos com a boca na botija, de se embriagarem com o aroma de um bouschet do Alicante, e de se empanturrarem com garoupas, mantêm o modus operandi.
Resgatam-se, de forma maquiavélica, os substantivos femininos de Hamlet, hoje tão na moda. Assim, a ameaça do constrangimento volta a virar moeda de troca para a obtenção de vantagens em qualquer campo do relacionamento humano. Dinheiro e poder sempre em primeiro lugar. Destruir reputações é o meio para conquistar os fins.
O epílogo está na cabeça de Ibaneis, que se sabe maquiavélico, e que, como Hamlet, repete um quadro ilustrado com cores obscuras neste inverno infernal que caminha para o fim: Nosso tempo está desnorteado. Maldita a sina que me fez nascer um dia para consertá-lo.