Naquele dia, você acordou respirando dentro de uma máscara de oxigênio, num planeta que não era o seu. Marte? Talvez!
Tentou levantar, mas suas pernas não responderam. Tudo parecia parado. Havia areia por toda parte. Finalmente conseguiu levantar e percebeu que os dois tubos de oxigênio ainda funcionavam. Olhou para o norte… Para o sul… Para o leste e para o oeste. E nada. Começou a caminhar. (Gilberto Motta)
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Procurou o horizonte, mas não havia… O que buscar? Na memória, a última lasanha que comera… E que fora feita com uma
massa diferente da habitual… Não estava mal. Mas preferia a costumeira! Se não gosta de mudanças, como veio parar noutro planeta? Só pode ter sido abduzido. (Edna Domenica).
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Na última noite terráquea acho que tomou um porre. Ao acordar, se lembrou de Eduardo Duzek… A empregada morta: ( Gilberto Motta)
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” Levanta, me serve um café, que o mundo acabou” – cantarolou enquanto ela se espreguiçava.
– Meu salário está atrasado – bocejou ela – me paga que o mundo volta ao normal.
Mas depois, não sei como, você se encontra novamente nessa outra esfera… ( Edna Domenica).
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Dia marciano é longo. Caminha em frente sem saber pra onde. Oxigênio bem. Roupa protegendo também. Chega em uma caverna e uau! (Gilberto Motta)
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Está aparentemente vazia. E conclui que nesse planeta não tem ursos ou tem, mas não é inverno. Sente-se zonzo, as pernas tremem. Será o oxigênio? (Edna Domenica).
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Desperta no banco da praça: local conhecido. Com o sol queimando a cara. Ah! Que calor infernal!
Duas senhoras passam , trazem embrulhos debaixo dos braços, será pão para o café da manhã?
Fitam-no com reprovação e comentam:
– Não é tão jovem, qual a desilusão que o deixou assim… largado no banco de praça? Só falta dar milho aos pombos…
( Tais Palhares)
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Passa o carro da PM e aquela música-chiclete martela sua cabeça, “seu guarda eu não sou vagabundo, não sou delinquente…eu dormi na praça…”
Então , você sai andando “Easy Rider”, sob o sol e as bancas de revistas, e entra no botequim mais estranho que já viu. Parece uma casa comum, mas na fachada está escrito em cima:
“Consertamos discos voadores”. (Gilberto Motta)
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Gilberto Motta, Edna Domenica e Taís Palhares são colaboradores permanentes do Café Literário, de Notibras