Mariane trocou de roupa e desceu de elevador até a garagem. Assim que abriu a porta do seu carro, percebeu que um homem estava colocando uma enorme mala no veículo logo adiante. Por um instante, ela não prestou muita atenção, até que, finalmente, a policial o reconheceu. Era o mesmo homem que aparecia nas filmagens.
A mulher, apesar de surpresa, tentou disfarçar, enquanto Arnaldo entrava no veículo e, apressado, saía do local. Mariane foi em seu encalço, pois percebeu que ele estava fugindo. Ela, apesar de estar armada, sabia dos riscos da situação. Então, telefonou para a delegacia da Asa Norte.
Enquanto perseguia Arnaldo, Mariane foi informada pelo policial que a atendeu que os responsáveis pela investigação do caso eram os agentes Pedro e Gustavo. Ela entrou em contato com Pedro, que se prontificou a dar apoio para a colega. Ele telefonou para Gustavo, que pulou da cama e, em menos de dez minutos, já estava dirigindo em direção às coordenadas que haviam sido informadas por Mariane.
Arnaldo, já na altura do Eixão Sul, percebeu que estava sendo seguido. Ele acelerou, mas Mariane também fez o mesmo. O homem começou a suar, apesar do frio seco do inverno brasiliense. Temendo ser capturado, acabou perdendo o controle do veículo pouco tempo depois de sair da Asa Sul. Invadiu a contramão e bateu nas grades do zoológico.
Atordoado, Arnaldo desceu do carro e pulou a cerca. Mariane telefonou para Pedro e o informou do ocorrido. Ele pediu para que ela o aguardasse. Gustavo chegou logo em seguida.
Mais alguns minutos, Pedro estacionou próximo aos colegas. Os três pularam a cerca e entraram no zoológico. Enquanto isso, Arnaldo tentava se esconder no meio daquela escuridão, ao mesmo tempo em que alguns animais emitiam sons.
Os três policiais sacaram suas armas e começaram as buscas no local. Com suas lanternas tentavam iluminar o ambiente. Pedro, ao passar pelo fosso dos leões, tomou um susto, pois o rei dos animais rugiu tão alto, que parecia que estava logo atrás do policial.
Desesperado, Arnaldo sentiu que estava prestes a ser capturado quando, então, se viu diante de um enorme lago. Sem muitas opções, ele entrou na água e ficou apenas com parte da cabeça para fora, o suficiente para continuar respirando. Dali, ele podia avistar as luzes emitidas das lanternas a aproximadamente 300 metros.
Os pensamentos do fugitivo estavam a mil quando, então, sentiu uma pressão enorme na perna direita, que o arrastou para o fundo do lago. Era Dalila, a famosa jacaré-açu que havia levado pânico à capital federal há poucos anos, ao ser capturada no Lago Paranoá. O pobre homem não teve chance contra mais de cinco metros de força bruta. Foi devorado pelo enorme animal.
Os policiais continuaram a busca por mais quase duas horas, quando, finalmente, decidiram retornar para os veículos. Já fora do zoológico, conversaram por mais algum tempo. Os três imaginaram que Arnaldo havia cruzado o zoológico e, então, se evadido para algum local. Todavia, estavam certos de que, mais cedo ou mais tarde, ele seria capturado. Seja como for, já sabiam que Márcia havia sido assassinada.
Os dias seguintes não revelaram o paradeiro de Arnaldo, apesar das inúmeras fotografias expostas pela mídia. Enquanto isso, na pequena ilha no meio do lago do zoológico, Dalila exibia um abdômen enorme, pois ainda estava digerindo os restos mortais do estelionatário amoroso. Logo ali ao lado, sob uma árvore, um macaco brincava com um relógio. Mas não qualquer relógio. Era um Rolex.