Fernanda Guimarães
A Operação Lava Jato é apenas o primeiro passo, mas serão necessários passos adicionais, disse há pouco procurador da República e membro da força-tarefa da Lava Jato no Ministério Público Federal no Paraná, Deltan Dallagnol. “Sem mudanças mais profundas, a Lava Jato é enxugar gelo. Não dá para adotarmos a teoria da maçã podre, que para resolver bastaria tirar a maçã podre do cesto”, disse, em palestra no Congresso Internacional de Mercados Financeiros e de Capitais, organizado pela B3.
O procurador afirmou que a impunidade não pode continuar sendo regra no Brasil e que o crime de corrupção precisa ser desestimulado. Segundo ele, a corrupção leva à ilusão de democracia forte, visto que, na prática, no Brasil, o candidato que arrecada mais para se eleger não raramente é aquele que arrecada por propinas, disse Dallagnol. “Políticos utilizam fontes de arrecadação paralela e tendemos a eleger quem é mais corrupto”, destaca. “A corrupção desnivela o campo democrático e traz ilusão de estabilidade”, completa.
Ele afirma, ainda, que neste momento no Brasil todos querem estabilidade política, em busca da estabilidade econômica. “Mas essa estabilidade é falsa”, diz.
Dallagnol defende que é preciso mudanças nas regras políticas no Brasil, como a diminuição dos custos de campanha, redução do número de partidos e, assim, de candidatos, isso tudo como forma de tornar o sistema de presidencialismo viável.
O procurador criticou a proposta do “Distritão”, que irá encarecer, segundo ele, ainda mais as campanhas, favorecer os candidatos muito conhecidos e, no final, manter a situação como está.
Ainda no evento, rebateu que atividade econômica brasileira é prejudicada pela corrupção e não pela Lava Jato. “Culpar a Lava Jato por danos econômicos é como culpar um policial por encontrar um cadáver. Existe uma correlação inversa entre corrupção e eficiência do governo”.