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Língua atômica

Dama do Apocalipse, Victoria Nuland dita as normas para o mundo

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Autor/Imagem:
José Seabra - Foto Criação Kau Farias

Ela nunca precisou vestir um uniforme, carregar um fuzil ou atravessar trincheiras. Com um leve aceno de cabeça e uma voz sempre carregada de intenção, Victoria Nuland soube fazer o que muitos generais jamais conseguiram: incendiar continentes inteiros sem disparar um único tiro.

No tabuleiro da geopolítica, sua presença se fez sentir como uma mão invisível, movendo peças com a frieza de quem não joga xadrez, mas sim damas chinesas: sempre três passos adiante, sempre eliminando qualquer resquício de resistência.

Assim foi na Ucrânia, onde sua assinatura esteve presente desde os primórdios da crise que culminou na guerra com a Rússia. O telefone vazado, revelando suas articulações para determinar quem deveria ou não comandar Kiev, foi apenas a ponta de um iceberg que, ao colidir com a diplomacia, abriu um rombo na ordem mundial.

Mas engana-se quem pensa que seus tentáculos se limitam às estepes geladas do leste europeu. Ela também olhou para o Sul, para aquele imenso país tropical onde um certo ex-capitão afrontava interesses globais e resistia às pressões do cenário internacional.

Jair Bolsonaro não era do agrado de Washington sob o comando de Joe Biden. Assim, com sua mão lânguida mas decidida, tratou de criar as condições necessárias para que o jogo político no Brasil tomasse outro rumo.

De Washington, os sussurros tornaram-se diretrizes, e as diretrizes, operações. Nada de golpes escancarados, pois os tempos modernos exigem sutileza. Uma reunião aqui, um alerta ali, uma visita a uma certa instituição judiciária acolá.

Com toques pensados e sutis, o tabuleiro foi se ajustando para que, em outubro de 2022, o Brasil tivesse um novo presidente. Luiz Inácio Lula da Silva retornava ao Palácio do Planalto, não apenas como um vitorioso da democracia, mas como um peão bem posicionado na estratégia de Nuland.

Os ecos dessa manobra ainda ressoam, seja na fronteira oriental da Europa ou nos corredores do poder em Brasília. Uma coisa, porém, é certa: não se subestima Victoria Nuland. Ela pode não estar nas manchetes, pode não discursar em palanques, mas sua assinatura está gravada a ferro e fogo no destino de nações inteiras.

Nos meios diplomáticos, os comentários são de que enquanto houver um jogo de poder a ser jogado, lá estará a general de saias. Nuland tem na língua uma verdadeira bomba nuclear capaz de mudar as regras antes mesmo que os outros percebam que estão participando da disputa.

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José Seabra é diretor da sucursal Regional Nordeste de Notibras

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