Não sou religioso e, muito menos, espírita. No entanto, caso fosse, afirmaria com todas as letras e mais algumas que conheço há mais de 40 anos a reencarnação de Machado de Assis. Estou louco? Provavelmente, mas isso não me impede, aliás, até me autoriza a assegurar que o espírito do maior escritor do mundo encontrou refúgio bem ali no Méier, famoso bairro carioca, no corpo do filho prodígio dos meus padrinhos. Vem a ser Daniel Marchi de Oliveira.
Gênio! Gênio, sim, senhor! Mas, como tudo tem um porém, posso lhe garantir algo que talvez o decepcione. O que é? Calma! Vou explicar! Afinal, também quero exibir um pouco da minha verve literária com esta crônica que, tenho certeza, você está lendo justamente agora.
Caso você conheça a obra do mais Imortal da Academia Brasileira de Letras, sabe que é extremamente extensa. Completa facilmente uma prateleira inteirinha de uma estante de bom tamanho. E, posso afiançar, dificilmente você encontrará uma crônica ou um conto que não mereça, no mínimo, a nota máxima repleta de estrelinhas. Quanto aos romances, nem preciso comentar, pois são divinos e eternos.
Mas, voltemos ao meu grande amigo Daniel. Até adivinho o que você está pensando. Se ele é a tal encarnação, por que não poderia, ao menos, se igualar ao Bruxo do Cosme Velho? Hum… vou até dar uma longa bebericada no meu café gourmet para satisfazer a sua curiosidade.
Pois bem, para responder tal pergunta, vou lhe contar um pequeno interlúdio que tive com o José Seabra. Lá estávamos falando sobre alguns dos mais notáveis colaboradores de Notibras, quando ele insistiu em me tecer elogios, que, na verdade, nem sou tão merecedor. Para encurtar a história, foi mais ou menos assim que aconteceu ou, pelo menos, é como me recordo.
– Seabra, sabe que eu estava pensando justamente nisso hoje? Pois é, sou o do arroz e feijão, o do rango do dia a dia, que precisa manter o povo alimentado. O Mathuzalém e o Wenceslau são os cozinheiros dos domingos. Quanto ao Daniel, ele é aquele mestre-cuca que aparece uma vez a cada seis meses.
– Pô, Dudu, e eu sou o quê? O cara do pf (não dá, mas do prato feito)?
– Óbvio que não! Você é o dono e o proprietário desse grande restaurante jornalístico chamado Notibras.
Isso mesmo que você leu. O Daniel é como um lapidador de diamantes raros. Ele leva tempo para aparecer com mais uma pedra preciosa, mas, quando o faz, todos nós ficamos boquiabertos como é que ele conseguiu ser ainda melhor do que imaginávamos.
Talvez você, que ainda deve estar me seguindo neste último parágrafo, esteja sorrindo aquele sorriso de quem achou uma falha na minha teoria. Ah, então, o Daniel não é a reencarnação do Machado de Assis? É mais do que óbvio que é. Só que é uma reencarnação um pouco preguiçosa.