O parto humano pode ser um processo longo, doloroso e prolongado, que necessita assistência e, às vezes, chega a durar dias. Então, por que parentes dos humanos como os chimpanzés têm um trabalho de parto mais fácil, dando à luz em horas e por conta própria?
Na tentativa de responder a essa pergunta sobre evolução, os cientistas observaram como os membros antigos da árvore genealógica humana davam à luz. Para nossos parentes de dois milhões de anos atrás, era “bastante fácil”, de acordo com uma reconstituição do nascimento.
No caso do Australopithecus sediba, que viveu 1,95 milhão de anos atrás na África do Sul, vemos “um processo de nascimento relativamente fácil”, diz a pesquisadora Natalie Laudicina.
“A largura da cabeça fetal e dos ombros tem amplo espaço para atravessar até as dimensões mais apertadas do canal de parto materno”, diz ela.
Hoje é diferente, pois o tamanho e a forma da pélvis moderna (uma mudança necessária para caminhar na posição vertical) e o tamanho grande da cabeça de um bebê tornam esse ajuste apertado.
Os bebês humanos precisam fazer várias rotações no canal de parto durante o trabalho de parto, em vez de saltarem direto para fora.
Ao estudar as poucas pélvis femininas que temos de nossos antigos parentes humanos – apenas seis em mais de três milhões de anos de evolução –, os pesquisadores podem ter uma ideia de como poderia ter sido o nascimento nos membros mais antigos da árvore genealógica humana.
Não quer dizer, porém, que o nascimento tenha se tornado progressivamente mais difícil durante o curso da evolução humana. Como explica o antropólogo da Universidade de Boston, nos Estados Unidos, o fóssil “Lucy” (Australopithecus afarensis), por exemplo, tinha um processo de parto mais difícil do que o Australopithecus sediba, por ter um ajuste mais apertado entre o feto e o canal de nascimento – mas viveu cerca de um milhão de anos antes.
“Há uma tendência de pensar na evolução do nascimento humano como uma transição de um nascimento ‘fácil’ e parecido com o de um macaco para um nascimento ‘difícil’ e moderno”, diz a pesquisadora Laudicina, que relata as descobertas da equipe na revista Plos. 1.
Responder à questão de quando o parto moderno evoluiu é complicado, diz ela, porque cada fóssil da árvore genealógica humana tinha seus próprios desafios obstétricos.
E ainda hoje vemos variações na maneira como as mulheres dão à luz: algumas mulheres têm partos relativamente fáceis que não demoram, enquanto outras têm partos que duram mais de 20 horas, com dor extrema.