Gal Costa aprontou uma com todos nós, apaixonados que somos por sua voz inconfundível, no dia 9 de novembro de 2022. Choramos a sua partida, inesperada pelo menos para mim, pois ela é dessas criaturas tão divinas, que jamais imaginei um dia ir embora.
Não sei qual é a sua percepção sobre a Gal, mas a minha sempre foi a de uma artista totalmente sem pudores sobre o palco, ciente do próprio talento. Com certeza ela usou e abusou dessa confiança ou, então, sempre fingiu muito bem.
Como contraste, ela me parecia uma pessoa extremamente discreta, tímida até. Talvez a Gal seja o alter ego dessa baiana capaz de soltar uns agudos improváveis, que, acredito, faziam até a Elis Regina sentir uma pontada de inveja.
Aliás, preciso mencionar uma coisa que acontece rotineiramente aqui em casa. É que a minha esposa, a Dona Irene, sempre me faz a seguinte pergunta:
– Dudu, quem é melhor: a Gal ou a Maria Bethânia?
Invariavelmente, eu respondo que é a Gal. Já a minha mulher tem a Maria Bethânia como sua cantora favorita. Seja como for, nós dois sempre ouvimos essas duas divas da nossa música popular, que este país teve o privilégio de ver florescer.