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Poema caipira

‘De certo de certo mermo, Sinhá, só o incerto que o tempo ferra’

Publicado

Autor/Imagem:
Gilberto Motta - Texto e imagem

1. “DAS VORTA”

Das veis fazemos do sonho
Veredas de pedra e pó
Das ôtra tramamo o chumbo
Com as palavra do jiló
Do mundo nada se leva
Dos fato pouco se enreda
Das vorta que a roda gira
Tanta cousa desapega
De certo de certo mermo, Sinhá:
Só o incerto que o tempo ferra

2. “DAS ASA”
A ave levanta o voo e zupt
Infinito é nada, dotô!
Pois veja se por bem ou pena
Da plumagem fica o encanto
Da trajetória a vertigem
Das cores fortes o contraste
Dos pés do cão o espanto
Pois não sei se foi capricho
Coisa feita ou traição
Ziquizira, fel, quebranto
Lá pras bandas do rio Solidão
A ave voou e zás!
Voo cego, seco e chocho
De um encantado pavão

3. “DAS DOR”
Das mãos que modelam os sonhos
Do pano de prato vupt
Do olho que a alma guarda
Do cheiro que tudo invade
Das mãos, do olho, do pano
Da alma do tempo zapt
Do prato frio da morte
Pandevírus escarlate
Cortejo de boi zarolho
Cortando estrada, desastre

4. “DOS SER”
Mundos/transmundos
Sentimentos/enlaçados
Travessias/enroscadas
Serescoisas/devorteios
Dimensões//emboscadas

5. “DAS TRILHA”
*(Dedicado a Motinha/Nhá Fia e a Tia Nena)
Das trilha
Das vorta
Das tralha
Das dobra
Das alma
Das arma
Das casa
Das viola
Das estrada
Dos rumo
Das asa
Das hora
Das coisa
Dos ser
Do tempo
Do nada

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