Leonardo Mota Neto
Os pioneiros de Brasília lembram várias histórias dos tempos heroicos da cidade construída para ser a capital da República atirada às traças, falida nas suas finanças publicas, sem serviços públicos de qualidade e com uma “elite” politica de fazer inveja a uma câmara de vereadores do interior.
Daquelas câmaras invadidas pelo povo para rebaixar os salários dos representantes e mandar tomar vergonha na cara.
Poucas semelhanças com os tempos pioneiros de Brasilia.
O coronel Afonso Heliodoro – que aliás se mudou para Minas por não mais suportar viver aqui – contava a uma historinha a respeito de como se lidava com o dinheiro público na época da construção de Brasilia.
Israel Pinheiro era o responsável por todas as obras, como presidente da Novacap. Não só mandava mas fiscalizava, contratava e ainda pagava. Ou seja, era o caixa pagador das empresas, engenheiros, funcionários e operários.
O dinheiro chegava do Rio em malas nos porões da FAB. Israel mandava descer as malas, conferia as remessas e assinava o recibo da entrega ao funcionário do Banco do Brasil que vinha e voltava.
Houve um dia em que o descarregamento foi feito sob muita chuva e vento. Quando as malas desceram Israel mandou abrir a primeira delas. O vento fez as cédulas voarem para longe.
O que fez? Determinou a um auxiliar correr na pista para recolher todas as cédulas. Ele mesmo se sentou sobre elas na pequena estação do campo de pouso para secá-las, e colocou-as de novo na mala.
Após a conferência, uma por uma, Israel Pinheiro deu-se por satisfeito com a exatidão da remessa e determinou o pagamento da peãozada.
O que mudou em apenas 56 anos, Brasilia?