De flores a um carro, vale tudo. Afinal, é o Dia das Mães
Publicado
emMarta Nobre, Edição
Você, mulher, presenteou e recebeu presentes hoje? Parabéns! Mas regresse um pouco no tempo. Para 1914, oficialmente; ou vá ainda mais longe, a 1908. E deposite flores em homenagem a Anna Jarvis, a mãe do Dia das Mães, a ativista americana que deu o primeiro passo para que mulheres de todo o mundo conquistassem mais direitos e fossem lembradas com mais carinho.
Depois, de volta ao futuro do recente passado de 1932, volte os olhos para o Brasil. O Dia das Mães é isso, uma data que, lembrada inicialmente com flores, virou uma das festas comemorativas mais rentáveis em todo o mundo.
Flores, chocolate, cartões. O Dia das Mães no Brasil e na grande maioria dos países é comemorado no mesmo dia, o segundo domingo de maio, e tem origem comum, embora pouco conhecida. O dia oficial foi estabelecido pelos governos de cada país em momentos diferentes, com base no pioneiro Estados Unidos, onde uma militante feminista brigou pela criação da homenagem.
Em maio de 1908, Anna Jarvis organizou na Filadélfia a primeira comemoração em uma igreja protestante. Ela entregou cravos brancos às mães e iniciou uma campanha junto a jornalistas e políticos proeminentes para incluir a data no calendário oficial. A ideia era honrar o sacrifício envolvido na criação dos filhos. O dia escolhido lembrava a morte de sua própria mãe, que havia lutado por melhorias nas condições sanitárias e para reduzir a mortalidade infantil.
A campanha deu certo e, em 1914, o então presidente dos Estados Unidos, Woodrow Wilson, determinou que fosse comemorado nacionalmente o Dia das Mães.
Na Europa, os países pioneiros foram Inglaterra, Noruega e Suíça. Desde 1923, a Alemanha passou a festejar as mães na mesma data. A primeira festa alemã foi planejada pela associação de proprietários de floriculturas. Durante o nazismo, interessado em glorificar o papel das mulheres de parir a nova geração da “raça ariana”, a festa ganhou impacto nacional e hoje muitos acreditam que essa é a origem da efeméride.
No Brasil, Getúlio Vargas foi quem adotou a data no Brasil, nos moldes do modelo norte-americano. A justificativa apresentada pelo “pai dos pobres” romantiza os sentimentos relacionados à maternidade. O decreto, de 1932, evoca o sentido da bondade e da solidariedade humana, além da ternura, respeito e veneração relacionados ao amor materno.
Já na década de 1920, porém, disseminaram-se críticas à comercialização do feriado, e ainda hoje a “semana das mães” é uma das datas mais lucrativas que fazem tilintar as moedas nos cofres de floristas, vendedores de cartões e a grande indústria consumista surgida com o capitalismo.
Desiludida com o ganho de dinheiro fácil, a ativista Jarvis se decepcionou com a apropriação da data. Ela passou o resto de sua vida processando empresas que usavam o termo Dia das Mães e tentando apagá-lo do calendário.