A Lua e a Magia (Parte II)
De novo as fases, agora vistas sob uma ótica diferente

As fases da Lua representam os diferentes aspectos que o satélite natural da Terra mostra ao longo do mês lunar (cerca de 29,5 dias), à medida que a sua posição em relação ao Sol e à Terra muda. Cada fase tem não só uma explicação astronômica, mas também simbologias culturais, espirituais e até mesmo esotéricas.
A Lua é o único satélite natural da Terra. Ela orbita o nosso planeta a uma distância média de cerca de 384.400 km. Sua ação sobre nosso planeta incluem as inter relações entre a força da gravidade e marés, porém o Sol também o faz e o movimento de rotação da Terra também contribui para esses fenômenos. Essa força gera as marés, que sobem e descem conforme a posição da Lua em relação à Terra e ao Sol.
Para continuar nossa conversa vou adicionar uma das leis de Gravitação de Newton. A força gravitacional entre dois corpos é calculada pela Lei da Gravitação Universal, formulada por ele, na qual “Dois corpos se atraem com uma força que é diretamente proporcional ao produto de suas massas e inversamente proporcional ao quadrado da distância entre eles”. Como nosso organismo é constituído por muita água podemos aplicar esse conhecimento para calcular qual a força gravitacional entre uma pessoa de 70 kg e a Lua, e ver se ela é significativa em termos práticos.
Aplicando os dados à fórmula, temos como resultado que a força gravitacional entre uma pessoa de 70 kg e a Lua é de ≈ 0,00233 N. Isso é significativo? Não. Vamos fazer uma simples comparação. O peso de uma pessoa de aproximadamente 70 kg na Terra é cerca de 686 N e a força gravitacional da Lua sobre essa pessoa é 0,0023 N, ou seja, quase 300 mil vezes menor. Essa força é comparável à de uma folha de papel sobre sua mão.
Dessa forma, podemos concluir que apesar de real e calculável, essa interação no corpo humano é insignificante. Só se torna relevante em grandes massas (como a Terra e a Lua entre si), quando afeta, por exemplo, as marés oceânicas. Além disso a Lua é responsável pela estabilização do Eixo da Terra, fundamental para a manutenção de estações regulares e clima equilibrado. Outro fenômeno que a Lua nos proporciona, belíssimo por sinal, é a iluminação noturna.
A Lua não emite luz própria, ela reflete a luz do Sol, e dependendo de sua posição em relação à Terra e ao Sol, vemos as diferentes fases lunares. Dito isso vamos às tradições e crenças populares sobre a Lua e os partos. É aqui que o parquinho pode pegar fogo! Durante séculos, muitas culturas acreditaram que a Lua influencia o corpo humano, incluindo o ciclo menstrual e os partos. Algumas crenças populares dizem, por exemplo, que na Lua Cheia há um aumento de partos naturais, crises emocionais e eventos intensos. Parte dessa associação vem do fato de que o ciclo lunar (≈ 29,5 dias) se aproxima da duração média do ciclo menstrual (≈ 28 dias), o que gerou mitos sobre sincronicidade entre os dois.
Mas, será mesmo? A ciência moderna já investigou e continua investigando a fundo essa possível relação. Alguns estudos encontraram correlação muito limitada, como alguns levantamentos estatísticos em maternidades que notaram pequenos picos de partos espontâneos durante a Lua Cheia, mas sem significância estatística forte, como o artigo intitulado “The Effect of the Gravitation of the Moon on Frequency of Births, publicado em 201 por Wake R, Misugi T, Shimada K, Yoshiyama M.”. Contudo, os autores destacaram que, embora a gravitação lunar possa ter alguma influência, outros fatores são muito mais determinantes no processo de parto. A maioria dos estudos nega uma relação causal clara entre as fases lunares e o aumento do número de partos. Foram feitas milhares de revisões de partos em diversos países e não foram encontradas evidências consistentes de que as fases da Lua influenciem partos.
Um estudo da American Journal of Obstetrics and Gynecology (2005) analisou 500 mil nascimentos e concluiu: que “Não há evidência estatisticamente significativa de variação na frequência de partos em relação às fases da Lua.” Nas tradições anciãs, a Lua Cheia estaria ligada a partos, emoções intensas e energia expansiva. Até o momento, nenhuma evidência sólida de que a Lua afete partos humanos de forma significativa foi encontrada. O fato físico real da alteração das mares pelas fases da Lua, não corrobora a sua influência sob o líquido amniótico devido a pequena massa do mesmo. O mais provável seria a ação emocional que a lua cheia pode causar nas pessoas e gerando uma onda de reações hormonais em indivíduos mais susceptíveis. Outro aspecto está relacionado pela quantidade de luz emitida pela lua, que poderia influenciar os partos ou sua prematuridade, como analisado nesse outro artigo de 2020, “Novas perspectivas sobre a influência do ciclo lunar no momento dos nascimentos humanos a termo, por Matsumoto SI, Shirahashi K.”. Mas, ainda é um estudo. Visto isso, voltemos à Lua e seus encantos.
A Lua tornou-se um Arquétipo Feminino Divino e um Canal com o Sagrado do universo. Com seu brilho prateado e ciclos constantes, sempre exerceu fascínio sobre a humanidade. Muito além de um corpo celeste, ela é venerada como símbolo do mistério, da intuição, da feminilidade sagrada e do tempo cíclico. Diversas culturas ancestrais personificaram a Lua em divindades, geralmente femininas, associadas à magia, fertilidade, morte, renascimento e sabedoria oculta. A veneração da Lua como deusa deu origem a um rico corpo de rituais sagrados, muitos dos quais persistem em tradições esotéricas até os dias atuais. As deidades Lunares representam em nosso inconsciente coletivo as faces da Mãe Cósmica. Essas representações existem em todas as culturas. Entre as principais deidades lunares, destacam-se:
• Selene (Grécia) é a personificação pura da Lua cheia. Representa a luz suave e protetora que guia os viajantes noturnos. Seus rituais envolvem invocações para proteção e amor.
• Ártemis (Grécia), Deusa da caça, dos animais selvagens e da virgindade, está associada à Lua crescente, sua energia é invocada em rituais de independência e força interior.
• Hécate (Grécia), Senhora das encruzilhadas, da feitiçaria está associada à Lua minguante. Seus rituais envolvem necromancia, proteção contra feitiços e sabedoria oculta.
• Ísis (Egito), Deusa da magia e da maternidade, está associada aos ciclos lunares. Suas cerimônias envolvem cura, renascimento e amor eterno.
• Chandra (Índia), Divindade védica lunar, associada à mente, às emoções e ao néctar da imortalidade. Seus rituais envolvem meditação e equilíbrio emocional.
As práticas espirituais ligadas à Lua são, em sua maioria, realizadas conforme as fases lunares, cada uma trazendo uma qualidade energética específica:
• Lua Nova: Ideal para plantar intenções, renovar votos espirituais e iniciar jornadas mágicas. Rituais de escrita, semeadura simbólica e recolhimento são comuns.
• Lua Crescente: Favorece o crescimento e a manifestação. Práticas de expansão espiritual, consagração de instrumentos mágicos e pedidos de prosperidade são realizados nesse período.
• Lua Cheia: O ápice do poder lunar. Usada para feitiços de amor, celebrações, rituais de fertilidade, consagração e contato com divindades. Muitas tradições realizam círculos de dança, cantos, oferendas e banhos de luar.
• Lua Minguante: Período de banimento, purificação e encerramento. Rituais de limpeza energética, corte de laços tóxicos e libertação emocional predominam.
Atualmente as práticas lunares voltaram com nova força em movimentos como o paganismo moderno, o xamanismo urbano e a espiritualidade feminina. A Lua é vista não apenas como corpo celeste, mas como espelho da alma humana, refletindo os ritmos internos, as emoções e a jornada do sagrado feminino e masculino.
Celebrar as deidades lunares é, portanto, honrar os ciclos da vida, reconhecer o poder da transformação e entrar em sintonia com as forças que moldam o universo invisível. Através de rituais simples ou elaborados, o praticante se reconecta com uma linhagem ancestral de sabedoria que transcende o tempo. Na última parte de nossa conversa vamos abordar a Lua entre os povos originários do Brasil.
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Marco Mammoli é Mestre Conselheiro do Colégio dos Magos e Sacerdotisas.
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