Picadeiro circense
Debate bizarro tem xixi de candidato e tiro no pé de radialista
Publicado
emFoi um espetáculo bizarro o debate promovido nesta segunda, 24, com os candidatos ao Palácio do Buriti. Um serviço que deveria ser de utilidade pública, ficou muito próximo de uma apresentação circense. Parte encenada pelos candidatos ao Governo do Distrito Federal, parte montada pelos promotores.
Aconteceu de tudo nas performances dos atores facilmente identificados por companhias: dos desequilibrados, dos condenados, dos interesseiros, dos nanicos, dos incompetentes.
Muitos voltaram ao palco em mais de um bloco. São multidisciplinares. Alberto Fraga (DEM) ouviu várias vezes a revelação pública de sua condenação – proferida no mesmo dia pela Justiça – e do Diabo pai, José Roberto Arruda, pelo recebimento de propina e outros malfeitos. Ao responder cometeu um ato falho, afirmando que o fato ocorreu há 12 anos. Entretanto, o processo que o condenou foi iniciado em 2008, portanto, há dez anos. Foi bom esclarecer ao público que a prevaricação é mais antiga ainda.
Rodrigo Rollemberg (PSB) foi massacrado por Ibaneis Rocha (MDB) e os dois protagonizaram a mais agressiva troca de acusações. Entrou até família no meio. Ambos perderam a compostura e Ibaneis deixou a marca de sua incontinência emocional: mijou na calça de tanto ódio.
Eliana Pedrosa (Pros) foi mais uma vez o foco de questionamentos sobre contratos de suas empresas com o GDF. Ao ser arguida sobre a administração de cemitérios, quando o seu grupo empresarial era o responsável pelo setor, alguém sussurrou de forma audível: “Se ela administra os mortos, qual interesse em melhorar a Saúde?”. Mas, experiente, Eliana saiu-se bem. E deixou claro que fantasmas que assombram outros candidatos não estão ao lado dela.
Júlio Miragaya (PT) fez o discurso porra louca petista de que Lula é um preso político. Se assim ele pensa, deixou claro que o Erário (que ele chama de público como se houvesse outro) tem mesmo que ser assaltado. Faltou com a verdade ao dizer que recuperou a Codeplan, uma empresa que não tem salvação desde o tempo de Durval Barbosa. Como estatístico se mostrou péssimo, disse que o PT tem 30% dos votos no Distrito Federal e que Agnelo Queiroz fez um ótimo governo. Embora não saiba, ele está em Brasília e é bom a sua assessoria avisá-lo, onde a realidade é outra.
Entre os nanicos, Alexandre Guerra (Novo) foi mais agressivo do que de costume e chutou a canela de todos. Perdeu a paciência com Ibaneis após ser acusado de incompetente e de ter a empresa familiar – Giraffa’s – sob um processo de recuperação judicial. Fátima de Sousa (PSol) repetiu o mantra socialista de que o GDF tem que inchar mais, empregar mais pessoas, gastar mais, blá blá. Só economizou nas concordâncias de números e gêneros. Faz sentido, ela não é nada plural. Rosso (PSD), não contido, desabafou a mágoa que tem do ex-companheiro Rollemberg, do qual se divorciou há algum tempo. Bradou para todo mundo saber que estava ar-re-pen-di-dís-si-mo de ter convivido com o atual ocupante do Buriti. Magoou.
Mas o gran finale, idealizado por algum gênio organizador do debate do Metrópoles, estava por vir. Já no final, no bloco de perguntas feitas por uma maioria de jornalistas, prepararam uma surpresa para o General Paulo Chagas (PRP). Da grande penumbra surgiu uma figura minúscula para selar o show da noite. Meio que patética, a figura mencionou Bolsonaro e provocou Chagas sobre um assunto sem a dimensão que ela provavelmente acha que tem: as minorias. Descontraído, o general repetiu aquilo que qualquer cidadão que entende sobre direitos constitucionais diria, agradeceu, sorriu – talvez tenha sido o único que achou graça – e concluiu calmamente afirmando que minorias e maiorias devem ter respeito umas pelas outras. Assim a bizarrice premeditada foi esvaziada e a atriz-radialista saiu do palco desconcertada. Vai ter que estrear em outra data.
Só há uma conclusão sobre essa ópera-bufa imprestável: a maioria dos atores vai ter que mudar de profissão. Alguns, de endereço, para um lugar mais reservado…