Eleições na OAB
Debate mostra Vevé seguro e Poli (‘ana’) acuado
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emO debate promovido na noite de terça, 22, pelo pool TV Brasília/Correio Braziliense com os candidatos à presidência da seccional da Ordem dos Advogados do Brasil, revelou a clara divisão de posturas e o grau da capacidade de articulação de cada postulante.
O evento trouxe à tona temas sensíveis à advocacia, especialmente sobre as prerrogativas dos advogados após os eventos de 8 de janeiro e a necessidade de uma atuação mais firme da OAB do Distrito Federal diante das violações. Veja a seguir um resumo:
Poli fala muito e diz pouco – Paulo Maurício, o candidato da situação, foi duramente criticado por todos os outros candidatos. Repetidas vezes, Poli recorreu a um discurso vazio, falando muito sem apresentar respostas concretas. Questionado sobre a falta de transparência nas contas da OAB e sobre o rombo não resolvido na Caixa de Assistência, ele se esquivou, evitando abordar o cerne do problema. Seu momento mais constrangedor ocorreu quando tentou justificar sua gestão nos últimos seis anos, sempre sob o comando de Délio Lins e Silva Jr, sem apresentar qualquer solução efetiva para as questões financeiras que tanto afligem a advocacia. Poli afirmou: “Desde o primeiro momento, trabalhamos arduamente para defender as prerrogativas dos advogados que atuaram no 8 de janeiro e assegurar o devido processo legal”, mas sua falta de ação concreta foi criticada pelos demais candidatos.
Cristiane, perdida nos próprios pensamentos – Cristiane Damasceno, embora com potencial de representar a advocacia feminina, teve uma atuação apática e desconexa. Visivelmente nervosa, ela se atrapalhou em suas falas e demonstrou pouco preparo para enfrentar as questões levantadas. Seu desempenho foi marcado por uma postura defensiva, sem grandes momentos de impacto. Em uma crítica à postura de Karol Guimarães durante o debate, Cristiane declarou: “É muito importante obedecer às regras. Esse é um princípio básico para qualquer advogado”, referindo-se ao desrespeito de Karol às regras do evento.
Karol e a atração circense – Karol Guimarães foi a mais polêmica da noite. Com um estilo agressivo que lembrou Pablo Marçal, ela protagonizou um verdadeiro espetáculo, exibindo cartas e fotos de panelas, uma clara violação das regras do debate. Como resultado, seus concorrentes ganharam 30 segundos adicionais no bloco de encerramento, penalizando-a por descumprir o acordo prévio. A atitude de Karol foi vista como um gesto teatral e desrespeitoso, refletindo seu despreparo para o cargo. Em sua defesa, ela afirmou: “Esses grupinhos, essas panelinhas, tiraram tudo da gente. Mas pelo menos o direito de sonhar a gente tem que ter”.
Cléber Lopes e a dependência política – Cléber Lopes tentou, em diversas ocasiões, se distanciar de seu vínculo com o governador Ibaneis Rocha, mas suas falas deixaram claro que sua campanha está profundamente conectada aos interesses do governo. Ao ser questionado sobre as prerrogativas dos advogados pós 8 de janeiro, Lopes declarou: “A OAB precisa ter uma posição firme na defesa das prerrogativas. O diálogo é importante, mas deve ser seguido de ações concretas”. No entanto, sua tentativa de se mostrar independente não convenceu, e ele foi visto como um candidato preso aos interesses políticos do Palácio do Buriti.
Everardo Gueiros, consistência e firmeza – O destaque da noite foi Everardo Gueiros, o “Vevé”, como foi carinhosamente chamado pelo mediador Carlos Alexandre. Desde o início, Everardo demonstrou consistência em suas falas, abordando com firmeza e clareza os temas mais importantes para a advocacia. Sua crítica mais contundente foi direcionada a Poli, ao compará-lo à personagem Pollyanna, ironizando o “mundo de sonhos” que Poli tentava retratar. “Eu acho que toda advocacia do Distrito Federal queria viver nesse mundo de Pollyanna, mas a verdade é que a OAB não defende os advogados como deveria”, afirmou Everardo, reforçando sua postura de liderança e capacidade de ação.
Prerrogativas e o 8 de janeiro – Um dos temas centrais do debate foi a atuação da OAB frente às violações das prerrogativas dos advogados após o 8 de janeiro. Everardo Gueiros foi o único candidato a abordar o tema com profundidade, destacando a necessidade de uma OAB mais combativa. Segundo ele, “A Ordem tem que ir além do diálogo e chamar para si a responsabilidade de defender as prerrogativas dos advogados que foram violadas após os ataques de 8 de janeiro”. Sua fala ressoou como a mais pertinente e conectada com a realidade dos advogados.
Outro tema de grande importância tratado no debate foi a proposta de eleições diretas para o Conselho Federal da OAB. Everardo Gueiros se posicionou firmemente a favor, defendendo que a advocacia tenha mais participação nesse processo e criticando o modelo atual, onde poucas pessoas decidem. Segundo Everardo: “Se podemos escolher diretamente o presidente da República, por que não podemos escolher diretamente o presidente do Conselho Federal da OAB?”. A defesa de uma OAB mais democrática e inclusiva também se estendeu ao apoio à jovem advocacia e ao reconhecimento do advogado mais experiente.
Everardo também destacou propostas importantes, como a criação de um Clube da Ordem, que ofereceria benefícios à advocacia, e a isenção de pagamento para advogados com mais de 60 anos, pessoas com deficiência e jovens advogados, como forma de aliviar os custos para essas categorias. Ele ainda ressaltou a necessidade de uma maior assistência à transição de bacharéis para advogados, propondo um programa robusto de apoio para garantir que os novos profissionais tenham as ferramentas necessárias para entrar no mercado de trabalho com segurança.
Everardo Gueiros se destacou como uma opção ajustada às transformações necessárias à OAB brasiliense. Demonstrando profundo conhecimento das questões que afetam a advocacia e apresentando propostas claras para modernizar e fortalecer a Ordem, Vevé deixou claro que está preparado para liderar a instituição e resgatar a OAB como protagonista na defesa das prerrogativas dos advogados. Ele enfatizou a importância de retomar a relevância da Ordem no cenário jurídico e político, algo que seus adversários, presos em discursos vazios ou atitudes teatrais, não conseguiram demonstrar.