Notibras

Decisão do consumidor de fechar bolso assusta comerciantes varejistas

A manutenção da inflação em patamares elevados, os juros altos e a retração da oferta de emprego levaram o índice que mede a Intenção de Consumo das Famílias (ICF) a alcançar, em fevereiro, o menor nível da série histórica, superando o recorde de dezembro do ano passado, quando o indicador ficou em 119,5 pontos.

Divulgada nesta segunda 23 pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a pesquisa registrou queda no índice de 1,6%, na comparação com janeiro, indo para 117,8 pontos. Em relação a fevereiro do ano passado, a queda chegou a 9,3%.

Para a economista da CNC Juliana Serapio, o cenário verificado em fevereiro é semelhante ao de dezembro do ano passado, quando foi registrado o recorde anterior. “O cenário é o mesmo de dezembro do ano passado: inflação e juros em alta e baixa oferta de emprego, o que torna o consumidor mais cauteloso”.

Para Juliana, este cenário de incerteza deverá predominar ao longo do ano: “o cenário para este ano do ponto de vista do consumo das famílias é de que a situação não vá mudar”. A economista avalia ainda que, com os consumidores mantendo a cautela ao longo do ano, a situação pode, inclusive, piorar. “O quadro deverá na melhor das hipóteses se manter na situação atual, ou até piorar, uma vez que os consumidores continuarão retraídos, o que indica que o consumidor deverá continuar temeroso com o futuro”.

Os dados da pesquisa divulgada pela CNC lembram que a inflação oficial medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do IBGE, que reflete as principais onerações no orçamento das famílias, ficou em 1,24% em janeiro – maior taxa mensal desde fevereiro de 2003, quando ficou em 1,57%.

Os gastos com habitação foram os que tiveram maior alta – de 0,51%, em dezembro, para 2,42% em janeiro. Outras pressões vieram dos preços dos alimentos e bebidas (de 1,08% para 1,48%) e dos transportes (de 1,38% para 1,83%). Por esse motivo, ressalta a publicação, “o ICF permanece acima da zona de indiferença (100 pontos)”.

Os números indicam que o nível de confiança das famílias com renda abaixo de dez salários mínimos mostrou queda de 1,6% na comparação mensal, assim como o das famílias com renda acima de dez salários mínimos que apresentou queda de 1,7%.

Mesmo com crescimento de 2,7% na comparação com janeiro, o item Momento para Duráveis apresentou recuo de 22,3%, na comparação com fevereiro de 2014 – maior queda anual da série histórica. Com isso, o índice segue abaixo da zona de indiferença.

Nielmar de Oliveira, ABr
Sair da versão mobile